Como salvar Star Fox, uma das maiores franquias dos anos 90?
A Nintendo tem algumas das propriedades intelectuais mais geniais de todos os tempos. Entre Mario, Zelda, Metroid e a enorme lista de franquias, uma delas acabou ficando mais para trás que as outras. Star Fox foi não só uma revolução tecnológica na geração Super Nintendo, mas também um enorme sucesso no Nintendo 64. No entanto, depois disso, uma decadência absoluta acometeu os pilotos de Arwing mais carismáticos do mundo dos games, que nunca voltaram a ter a relevância que lhes é devida.
Em meio a tentativas de transformar Star Fox em um RTS, colocar os pilotos a pé e até permitir cameos dos personagens em jogos de outras publishers, a Nintendo nunca mais soube fazer com a franquia. Será, então, que uma das mais clássicas séries de jogos da vermelhona tem salvação? O Joias Perdidas de hoje tenta trazer a salvação, ou melhor, uma busca pelas origens de Star Fox.
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Para entender o que rolou com a franquia do raposo espacial, a primeira coisa é entender o que deu certo. Star Fox começou como um jogo extremamente inovador, usando o melhor do chip Super FX no Super Nintendo, trazendo gráficos renderizados em 3D para um console majoritariamente 2D. E, mesmo com todo o lag, devido ao máximo que o SNES poderia produzir, o game pedia certa habilidade para pilotar, atirar e derrotar os chefões.
No Nintendo 64, a questão inovação não era o ponto principal, mas sim o quanto de bom conteúdo foi agregado à série. Atuações de voz dando personalidade à Peppy, Slippy, Falco, Wolf, Pigma e muito mais. A história aprofundada, mostrando o drama de Fox em busca do paradeiro do pai, a rivalidade com Star Wolf, as saídas secretas das fases, veículos diferentes e grande elenco. Star Fox 64 era um game completo, com ótima jogabilidade, desafios e uma história envolvente.
O problema é: depois disso, nada mais teve o nível do segundo jogo da franquia. Plots forçadas, multiversos e falta de profundidade. Nada mais que ajudasse a criar a persona de Fox McCloud. Ele se tornava, cada vez mais, um dos lutadores de Smash Bros., ao invés do protagonista do próprio jogo. E como fazer isso? Que outro shooter de navinha pode ser a referência para a Nintendo buscar uma forma de modernizar Star Fox, e ainda ter espaço para contar histórias?
A resposta pode estar mais perto do que parece. Star Wars: Rogue Squadron faz isso com maestria, no próprio Nintendo 64. Usando cutscenes, opções de troca de naves, melhorias nos veículos, em fases estilo arena, ao invés do linearismo dos primeiros jogos de Star Fox, além de missões para cada um dos estágios. Afinal de contas, o estilo de jogo da série principal não envelheceu bem, então se precisa expandir as possibilidades dentro da luta contra Andross.
E sim, a luta contra Andross mesmo. A franquia precisa do vilão, e precisa que tenha qualquer forma, mesmo que forçada, para trazê-lo de volta. É a principal ligação de Fox com qualquer propósito possível de engajar a franquia novamente com os fãs. Antes de criar novas sagas, novos vilões, Star Fox precisa relembrar as boas memórias da infância dos que conhecem a série. Afinal de contas, tem tanto tempo que não se tem um BOM jogo na série que fã mesmo, só os das antigas, e estes já estão mais velhos.
Fox precisa ter as origens novamente contadas. Entender quem foi James McCloud, a relação com a Star Wolf, com Pigma Dengar, o tempo em que o porcão foi parte da Star Fox, as funções de Peppy, Slippy e Falco, dar aos coadjuvantes relações mais próximas a estas posições da equipe. Pegar o melhor que a série fez no passado, transportar para a realidade de 2023 (24, 25, quando quer que isso saia), expandir as fases, usar um conceito como o Open Air (nesse caso bem open e bem air mesmo!) criado para Breath of the Wild e dar liberdade. Liberdade para o jogador decidir qual caminho tomar, dentre as galáxias dominadas por Andross.
Star Fox não precisa mais ser dividido em fases, mas criar um universo aberto pode ser não só confuso demais para o jogador, mas também extremamente difícil de se executar com maestria. Criar mini sandboxes com missões, interligadas por portais pode ser uma solução, e, talvez, até criar elementos de progressão. Ataques estratégicos, feitos com uma breve sensação de progressão, mas livres, talvez determinados por níveis, mas permitindo que o jogador tente de tudo, desde o começo do jogo. Que escolha qual estratégia usar, qual caminho tomar, qual melhoramento para a Arwing buscar primeiro. Missão, liberdade e exploração. Estabelecer um universo para Star Fox. Dar vida à Corneria, ao Sistema Lylat, enfim, para todo o espaço.
Star Fox precisa da velocidade moderna, precisa do storytelling do Nintendo 64, e, sim, precisa da beleza do Super Nintendo. Eu não sou daqueles que acha que gráfico é relevante para um jogo ser bom ou não. Mas Star Fox precisa impressionar novamente. E não tem que ser por “capacidade tecnológica”. A Nintendo precisa dos melhores designers para criar um estilo de arte tão incrível quanto o dos dois primeiros jogos da série. Colocar a marca no imaginário popular dessa geração completamente diferente da que a série apaixonou.
Precisa também de uma trilha sonora tão incrível quanto a do primeiro jogo. As composições de Hajime Hirasawa são obras absolutas de arte, começando com o tema principal – e as variações para a tela de seleção de controle e o tema de missão cumprida -, passando por Corneria, o cinturão de asteroides. Tudo cria, ao mesmo tempo, uma sensação fenomenal de velocidade, assim como de tensão, de lutas, sem perder o estilo “espacial”, já conhecida de mídias do segmento. Mas tudo com um carinho enorme pelo jogador e pela franquia.
Não é fanatismo. Star Fox tem solução. Uma franquia com, literalmente, um universo inteiro a ser explorado precisa de, no mínimo, uma despedida à altura. Que seja o primeiro de muitos a serem lembrados, ou o último de uma sequência de esquecidos, Fox McCloud merece muito mais.
Caso queira experimentar um pouquinho da sensação do que foram os primeiros Star Fox, tanto o primeiro jogo quanto o de Nintendo 64 – além do quase inédito Star Fox 2 – estão inclusos nos pacotes do Nintendo Switch Online.
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