Polêmica do modo fácil sempre ressurge nos lançamentos de soulslikes
Com a chegada de Lords of the Fallen e o lançamento recente de Lies of P, uma velha discussão voltou a tomar conta das bolhas gamers nas redes sociais: a necessidade de um “modo fácil” para jogos difíceis.
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Lies of P assustou muitos jogadores, inclusive veteranos, com um nível de desafio acima da média, mesmo para soulslikes, e foi metralhado de pedidos por um modo de jogo mais acessível. O mesmo acontece, ainda que em menor escala, com Lords of the Fallen, que também possui forte inspiração nos grandes lançamentos da FromSoftware.
No entanto, depois de quase 15 anos desde o lançamento do “soulslike original”, Demon’s Souls, com dezenas de jogos desse estilo chegando ao mercado e muitos outros ainda por vir, será que ainda vale a pena discutir sobre o famigerado “modo fácil” nos games?
É mais certo do que o salário acabar no mesmo dia em que cai na conta. Pode apostar que a timeline do Twitter será tomada por discussões e opiniões sobre a necessidade da presença de um modo mais tranquilo para que todos possam aproveitar de jogos mais desafiadores, principalmente os do gênero soulslike.
O que vem acontecendo com Lies of P e Lords of the Fallen não é nem um pouco inédito, e, definitivamente, não será a última vez que veremos isso diante de nossos olhos. No entanto, penso que essa é uma discussão extremamente defasada e sem sentido. E eu explico os motivos de pensar assim.
Da mesma maneira que um RPG por turnos foi concebido de uma determinada maneira, visando um público específico, com um gameplay particular, os chamados jogos difíceis também possuem um estilo próprio, que deve ser respeitado e aceito como é.
Baldur’s Gate 3 vem sendo considerado, por grande parte da comunidade gamer, o melhor jogo de 2023, e é um dos mais nichados a que tivemos acesso nos últimos anos. Um RPG extremamente complexo, com centenas de mecânicas próprias, baseado em um gênero de D&D que 99% das pessoas não conhecem, e, mesmo assim, segue favorito ao Game of the Year. Sem ninguém pedir por um “modo ação” ou coisa do tipo.
Então, por que cargas d’água seria necessário implementar um modo fácil em um soulslike, sendo que a visão do estúdio e dos desenvolvedores por trás desses jogos foi aplicada de uma maneira específica, que recompensa os jogadores pelo comprometimento, pela superação dos desafios, e que entrega uma experiência que raramente é vista em outros jogos?
Vejo que já passou da hora de deixarmos de lado essa discussão rasa sobre a necessidade de modos fáceis. Uma coisa é cobrar acessibilidade, que, sim, precisa estar cada vez mais intrínseca no desenvolvimentos dos jogos. Outra é forçar uma mecânica que fere completamente a premissa de um game.
Não vale a pena seguir pedindo por modo fácil em soulslike. Gastem energia cobrando localização em português, recompensas mais justas em jogos online, o fim das microtransações, a extinção de pacotes de lutadores por DLC, e, principalmente, praticando para superarem os desafios impostos por Lords of the Fallen, Lies of P, e tantos outros do mesmo estilo.