Modern Warfare III é o próximo da longa fila de Call of Duty
Algumas coisas são certas nessa vida. Uma delas é o lançamento de um novo Call of Duty a cada ano. A Activision dá sequência a um ciclo longevo de desenvolvimento, usando três estúdios debaixo do guarda-chuva da empresa, para dar vida, anualmente, a um CoD inédito.
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Mas, depois de 20 anos no mercado, quase sempre trazendo jogos novos para a franquia de maneira anual, muita coisa ao redor de Call of Duty mudou, e, ao mesmo tempo, tantas outras permanecem inalteradas, o que, de um jeito, ou de outro, levou muitos fãs antigos da série a deixarem de lado o tiroteio de CoD.
Com o iminente lançamento de Modern Warfare III, em 10 de novembro, com a renovação de mais um ciclo de CoD, e sendo um fã de longa data da franquia, eu me peguei pensando sobre a seguinte pergunta: será que ainda vale a pena comprar Call of Duty todo ano?
E antes de responder a essa pergunta, preciso voltar alguns anos. Minha história com Call of Duty vai bem longe na linha do tempo. Meu primeiro jogo da franquia foi justamente o inaugural dela, em 2003. Naquela época, não havia o frisson do Multiplayer, muito menos do battle royale, que atualmente são marcas registradas de CoD.
De lá pra cá, vi e vivi a evolução estrondosa de Call of Duty, que sempre disputou espaço com rivais de peso, mas, de alguma maneira, manteve a competitividade no nível mais alto e, na maioria das vezes, superou a concorrência de Medal of Honor, Battlefield e tantos outros que foram surgindo no meio do caminho.
O sucesso de CoD é algo tão estratosférico que a Activision viu na franquia uma literal mina de ouro, e apostou na criação de um ciclo de lançamentos anuais para os jogos da série, fazendo assim com que os fãs seguissem investindo cada vez mais dinheiro para se manterem atualizados.
A chamada “Era de Ouro” de Call of Duty, que teve início no lançamento do agora lendário CoD 4: Modern Warfare, alternando com Black Ops, foi o ápice para a franquia, construindo e desenvolvendo uma legião de fãs, que se viram perdidamente apaixonados pelo gameplay característico do FPS da Activision.
No entanto, nem sempre essa relação foi de amor e carinho. Entre os anos 2014 e 2016, uma trinca de jogos de Call of Duty teve uma péssima recepção da comunidade. Advanced Warfare, Black Ops III e Infinite Warfare formaram a “trinca dos jetpacks”, jogos com cenários futuristas e movimentações muito avançadas, diferentes daquilo que a franquia estava acostumada a oferecer.
Clamando pelo retorno dos “pés no chão”, a comunidade de CoD foi atendida, e a chegada de World War II levou a franquia de volta às raízes, não só de gameplay, mas também na ambientação. Daí até hoje, os jogos seguiram dentro dessa fórmula, e somente um fator foi capaz de mudar completamente o cenário de Call of Duty.
Eis que em 2018, a Activision cedeu à tendência mais forte dentro do mercado de games, na época: o battle royale. Com a chegada de Black Ops 4, um dos modos presentes no jogo era o Blackout, a interpretação do estúdio Treyarch para o gênero que foi popularizado por PUBG e Fortnite.
O primeiro passo de Call of Duty no terreno dos battle royales não foi um sucesso, pois atrelava o acesso a Blackout à compra de Black Ops 4, enquanto os concorrentes ofereciam um gameplay gratuito. Somente no ano seguinte, com o lançamento do Warzone, sem custos, CoD realmente se tornou um competidor de respeito no cenário.
Warzone foi uma febre global, que “se aproveitou” da explosão da pandemia da COVID-19 para receber milhões de jogadores nos servidores, criando uma comunidade ainda mais fiel, que não só contava com novos adeptos, mas que viu a transição de antigos fãs do Multiplayer para o battle royale.
Depois de muitos anos superando inúmeros “CoD Killers”, nome dado a concorrentes que tentavam derrubar o império criado e mantido pelo Multiplayer de Call of Duty, a Activision acabou gerando um monstro dentro do próprio quintal, e o Warzone se tornou o principal “ladrão” de usuários do MP.
Desde o lançamento do Warzone, os números de jogadores de Multiplayer vêm caindo vertiginosamente. Vários são os motivos para explicar o declínio, como decisões contestáveis dos estúdios, suportes pós-lançamentos que deixaram muito a desejar, e, é claro, a gratuidade do irmão mais novo.
Postos esses pontos, chegamos aos dias de hoje, a pouco menos de dois meses do lançamento de Modern Warfare III, e o que já sabemos do jogo nos mostra um claro caminho que a Activision está percorrendo com o novo CoD: o da nostalgia.
Call of Duty: Modern Warfare III será lançado apenas com mapas remasterizados no Multiplayer. Além disso, mecânicas clássicas da franquia, que estiverem ausentes de jogos recentes, marcarão presença no game, como os pontos vermelhos no minimapa quando um adversário atira sem silenciador, a possibilidade de votar por um novo mapa entre partidas e, até mesmo, a oficialização de um bug que virou um recurso de CoD, o “Slide Cancel”.
Levando tudo isso em consideração, juntamente com a decisão da Activision de, pela primeira vez, carregar armas e conteúdos cosméticos de um CoD para o próximo, vemos um enorme esforço da empresa em retomar voos mais altos para a franquia, pelo menos se tratando apenas do lado pago dessa história.
Ausente do atual CoD, o modo Zombies também está confirmado em Modern Warfare III, um ponto que, com certeza, irá atrair uma boa parcela da comunidade de volta ao game.
Mas o que mais me convence a seguir comprando Call of Duty todo ano, com ou sem Warzone na equação, é a possibilidade de usar o Multiplayer como um grande centro de treinamento. Nada nos prepara tão bem para os confrontos do battle royale do que a experiência adquirida nas horas de gameplay do MP.
Isso sem falar na maior facilidade para evoluir armas, desbloquear acessórios, e, até mesmo, participar do bom e velho “grinding” pelas camuflagens. São coisas que, no final das contas, têm um peso enorme na balança, e me fazem dizer, sem medo, que, sim, ainda vale a pena comprar Call of Duty todo ano.