Opinião: especialmente em 2023, o modelo de negócios pode estar destruindo o sonho da comunidade, times e pro players.
Com os recentes acontecimentos dentro da LCS (LoL Champions Series), a possível quebra da Sentinels no VALORANT e o VCB 2023 (VALORANT Challengers Brazil) sofrendo uma debandada por parte das equipes, seria o sistema de franquias um negócio falido? A Game Arena separou alguns pontos sobre o caso.
A Riot Games anunciou ainda em 2020 que o CBLOL 2021 (Campeonato Brasileiro de League of Legends) contaria com um novo Sistema de Franquias da desenvolvedora com a promessa de profissionalizar mais o cenário e dispor às equipes participantes estabilidade dentro do cenário.
Por uma bagatela de apenas R$ 4 milhões, as organizações poderiam integrar o negócio caso seu pedido de entrada fosse aceito por meio de um planejamento de cinco anos consolidado que mostrasse que o elenco merecia estar no campeonato mais importante do League of Legends (LoL) brasileiro.
Uma vez dentro do modelo, as equipes teriam mais estabilidade em questões financeiras, dando mais segurança até mesmo para novos parceiros aparecendo e investindo nas organizações. Além disso, o benefício seria extendido também para os pro players, que agora tinham ciência das questões capitais do time que defendiam.
O Brasil foi uma das últimas regiões a adotar o sistema, que se mostrava promissor em outros campeonatos… até 2023. A novidade também foi implementada no competitivo do VALORANT, que nasceu em 2020 com a promessa de ser mais um cenário profissional de sucesso nos esportes eletrônicos.
A entrada de fato do modelo no VALORANT, só veio acontecer em terras brasileiras neste ano, gerando um efeito controverso por conta do calendário apresentado pela Riot Games contemplar poucos campeonatos, tendo o término da temporada praticamente no meio do ano.
Um ano de polêmicas e insatisfações
Aparentemente, o que deveria ser um ano de glórias para a desenvolvedora, tem se mostrado o contrário quando falamos de esports. Uma crise avassaladora assolou a LCS neste ano, sendo que, uma das maiores equipes, a TSM, optou por trocar de região com o intuito de “buscar o Worlds”, segundo o fundador Andy “Reginald”.
Em questões de audiência, nível de competitividade — que eu cheguei a falar quando escrevi sobre os cinco motivos para a Riot Games investir de verdade no Tier II do VALORANT brasileiro — e até mesmo em saúde financeira, a LCS vive uma decaída desde o início do ano, com a também alteração de calendário.
O Academy — que deveria dar espaço para novos talentos, assim como a Liberty o fez no segundo split do CBLOL 2023 — também sofreu uma alteração: as equipes não tinham mais obrigação de possuir elencos de base.
Desta forma, protestos foram realizados pela Associação dos Jogadores da LCS (LCSPA) e como eu já havia divulgado, 00 Thieves, Cloud9, Dignitas, Guardias e Immortals optaram por cortar as line-ups de base por conta da crise de capital que ocorre no torneio da América do Norte.
Desde maio deste ano, existe a possibilidade da TSM comprar a vaga deixada pela Misfits Gaming na LEC (League of Legends EMEA Championship), também por decorrências monetárias em ambos casos. Não demorou muito para que o problema acontecesse em outra modalidade: o meu, o seu, o nosso, o querido Vavá.
Uma triste realidade chega ao cenário de VALORANT
Não é necessariamente uma novidade que o sistema de franquias poderia não funcionar no VALORANT, não é? Inclusive, o próprio Jairo falou sobre isso aqui: todo mundo sabia o que aconteceria, menos a Riot?
O cenário inteiro de VALORANT avisou que poderia ter um final não satisfatório, mas a Riot Games estava — e se bobear, ainda está — convicta no sucesso que o modelo poderia proporcionar para o competitivo de um dos jogos mais adorados pelo público de esports.
A parada ficou tão feia para a desenvolvedora, que na ansiedade de diminuir o hate da comunidade, o próprio head de esports da empresa entendeu que a galera realmente não acredita muito no negócio, chegando a dizer que tem um plano para o Tier II da modalidade.
Com a insatisfação com o calendário proposto, equipes optaram por saír do competitivo; com o coração na mão por conta da paixão envolta no universo do VALORANT. O estopim aconteceu ainda essa semana, quando a bi-campeã The Union saiu do cenário por conta da “falta de perspectiva com relação ao cenário competitivo”.
E quando imaginávamos que não poderia piorar, bom… ela piorou. O desabafo do CEO da The Union sobre negociações muito fáceis para o NA, a falta de retorno de investimento mesmo com muito trabalho duro e times tirarem seu próprio dinheiro do bolso para transportar elencos, mostrou a ponta do iceberg de um buraco que deve ser muito mais fundo nos bastidores das competições.
A Sentinels que é uma das maiores equipes do competitivo do VALORANT também está mal das pernas. Mesmo tendo jogadores ilustres — brasileiros, porque a gente é bom demais na troca de tiro — em seu elenco, a empresa está fadada a falência ainda neste ano caso não consiga garantir novos e pesados investidores.
No fim, o modelo que é tão aplaudido em campeonatos de esportes tradicionais, como a própria NBA (National Basketball Association) — claro que a gente ignora toda a sujeira que acontece no meio das competições tradicionais e com equipes sofrendo rombos financeiros — não se mostrou satisfatório para o nosso cenário.
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A Riot Games sempre incentivou a melhoria do competitivo e parece que em 2023, resolveu tomar um sol na sua piscina na Europa com bons drinks para desenvolver o planejamento de torneios.
E tiveram boatos que a desenvolvedora estava na pior… mas os fãs podem ficar tranquilos porque tem uma camisa nova e linda do Champions à venda. Seria para celebrar o possível apocalipse que já está acontecendo no VALORANT brasileiro e no League of Legends internacional com o negócio falido que é o sistema de franquias?
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