Aposentado há quase um ano, Gustavo “Sacy” Rossi voltou ao palco do VCT Americas pela primeira vez desde julho de 2024. O brasileiro, hoje streamer do MIBR, esteve em Los Angeles e foi o capitão do Team Alpha no showmatch OVERRIDE. Após a partida, o ex-jogador conversou com a Game Arena.
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Inicialmente, Sacy comentou sobre seu retorno ao palco do VCT Americas e afirma que deu saudade de jogar:
“Deu. Foi maneiro, fazia tempo que eu não sentia isso. É uma sensação nostálgica, é bom sentir saudade, sentir vontade. Quer dizer que foi um tempo bom, mas não quer dizer que eu vou voltar“.
Sacy também falou da vida de aposentado:
“Boa. Não vou dizer que estou aposentado e estou quieto em casa. Acho que são outros tipos de problema, problemas de vida adulta. Acho que eu amadureci muito meu profissional, agora estou amadurecendo muito minha vida pessoal. Estou aprendendo bastante coisa. Não acabou minha vida não, só aposentei dos games. Tá legal, outros tipos de desafios“.
Nos dois últimos anos de sua carreira, Sacy representou a Sentinels e reencontrou o elenco em Toronto e Los Angeles. O brasileiro comentou sobre a amizade com seus ex-companheiros:
“Eu visitei eles, fui pro office na quinta. Fui ver o pessoal do MIBR e a Sentinels tava terminando de treinar. É muito doido, parecia que eu tava em casa, tava acostumado, morava ali no prédio do lado do office. Dei um oizinho, não quis atrapalhar muito não. Acho que eles estão em modo concentração né, concentrados pro fim de semana. Falei um oi, dei boa sorte, ai os caras foram, perderam, falei ‘puts, será que sou pé frio?’.
Aí olhei o celular aqui, tá 5 a 0, espero que eles ganhem hoje, se não nunca mais vão me querer aqui. Vi o Rob, conversei, ganhei o uniforme do anime de vôlei, o mouse. Legal ver todo mundo. Eu sinto falta daqui, só não sinto falta de morar aqui.”
Em encontro com o elenco do MIBR, Sacy negou ter iniciado o “método porão”, mas falou da interação com elenco:
“Não, eu falo isso brincando né, a gente zoa muito disso. Eu também não quero me envolver. Eu descobri agora que o cortez falou que eu ajudei ele muito tempo atrás, foi no começo do MIBR, ajudei ele individualmente. Eu não gosto de me envolver muito, não to no time, não sei o que acontece lá dentro, não sei como cada um reage. Conheço eles como pessoas, não como profissionais, jogadores. Prefiro evitar colocar o dedo.
Normalmente, eu falo mais com o fRoD, dou uma segunda opinião que pode clarear um pouco a visão dele. Mandando a energia positiva, que é um privilégio estar disputando o Champions, são quatro rookies basicamente, só o aspas que jogou. Tento deixar claro pra eles se divertirem. Estão indo como underdogs, a gente foi como underdog na LOUD em 2022, por mais que a gente foi finalista na Islândia, a gente foi 0-2 na Dinarmarca, então a galera já colocou no tier D, acharam que a gente era ruim.
O MIBR também tem essa vantagem de underdog, não esperam muito deles e isso é bom, podem usar isso a seu favor. Lembrar que é um jogo profissional, trabalho, mas todo mundo almeja ir pro Champions, ganhar e eles estão lá agora. Depois do Champions, vai resetar o ano, então tem que dar o máximo e não se baterem, não brigarem, lembrar do objetivo final que é o mesmo e se divertir.”
Sacy também falou do reencontro com Erick “aspas” Santos, duelista do MIBR:
“Sempre muito legal, sempre que temos oportunidade, a gente se vê. A galera vê eu e o aspas do lado profissional, teammates e tal, mas tem o meu lado de amizade, não tem nada a ver com o profissional. Temos uma regra, a gente vai se ver, ele não me fala nada do time, eu não falo nada de VALORANT. Se for ficar se vendo e falando de VALORANT, nunca mais vou querer ver ele.
A gente saiu pra jantar, falou sobre a vida. A gente combinou de ele me dar o teclado, não chegou há tempo, falou pra eu usar o dele e depois eu devolvia. Eu vi o pad, testei o mouse, falei dá pra usar esse pad. ‘Po, você quer usar?’, falei quero usar. Usei o pad e teclado. Foi legal, matei 20“.
Apesar da campanha ruim no VCT Americas 2025 Stage 2, o MIBR conquistou vaga no Champions Paris. Sacy falou sobre o momento ruim da equipe e relembrou momentos difíceis na Sentinels em 2024:
“O MIBR passou por dificuldades em Toronto, falando de fora, perderam um pouco a identidade de game deles e viram que o buraco é mais em baixo, jogaram contra outros times internacionais e viram que são muito punidos. Além disso tudo, eles performaram pior do que estavam performando no Américas. Chegando no Stage 2, eu já passei por isso também, Sentinels pós-Masters Madrid.
Chegamos o melhor time do mundo e era o pior time do mundo, era o 8 ou 80. Leva tempo, às vezes você se perde na identidade como time, é lido mais fácil, tem que inovar, o meta é você, fica difícil. Pelo lado torcedor, foi um desempenho a baixo, a gente tinha expectativa alta no MIBR. Se fosse pro Champions, dava pra arrumar a casa. Temos 10 dias pra arrumar a casa“.
O MIBR será seed 4 do VCT Americas e pode ter um grupo complicado em Paris. Para Sacy, a equipe brasileira não deve escolher adversário:
“Não, não tem nem como escolher adversário nesse momento. O MIBR tem a vantagem da galera não saber o que esperar deles. Eles podem pegar a fase de grupos pra estudar os times, seja FNATIC, Paper Rex, e jogar em cima disso, ter a identidade e tentar. A gente não espera que eles saiam ganhando de todo mundo.
O Brasil, mesmo se for tomar um 0-2, que seja tentando, jogando o jogo deles e que seja por mérito deles e não por vacilo nosso. Obviamente, espero que não tome 0-2. A expectativa ali pra eles é playoffs. Ir pros playoffs e a partir dali, a gente conversa de novo, vê se vai dar mesmo. Focar na evolução durante o campeonato.”
Recentemente, Pujan “FNS” Mehta questionou Sacy se o brasileiro voltaria a jogar se o canadense fosse o treinador e convidou o brasileiro para um showmatch entre os times de 2022 de LOUD e OpTic. Sacy afirma que gostaria de jogar a partida amistosa com a grande rival da equipe campeã mundial daquele ano:
“O showmatch eu jogaria, tranquilo, zero stress que nem foi aqui agora. Agora que temos experiência com showmatch, dá pra jogar. Voltar a jogar é difícil. Mas seria muito legal esse showmatch, difícil por conta dos jogadores que não na ativa, só eu e FNS aposentados, Marved e Victor não sei onde tão, crashies na FNATIC. Um dia, quem sabe daqui a um ano, dois, três, cinco, espero que role“.
Sacy também falou da vida de aposentado:
“Acho que stress existe, ele tem que existir, não tem como. Se não existir, que vida é essa. Fazer coisa nova é estressante. São diferentes tipos de stress e com mais pausas. Quando aposentei, começou a aparecer outros problemas, desafios com live, sendo mais criador de conteúdo. Eu só sinto que agora consigo ter folga, definir meu horário. Quando eu era jogador, meu cérebro não deixava. Tava com tempo livre, tempo livre? Tá louco, cara treinando lá e eu com tempo livre, tá maluco?
Eu tinha isso na cabeça, se eu acordava 5 da manhã e o cara as 8, eu vou ganhar desse cara, era minha mentalidade na época. Agora sou mais tranquilo, vou abrir a live mais a noite, faço o dia todo. Sou mais flexível nessa parte. Tem o stress, mas a pressão é diferente, eu que crio essa pressão, mas é fora da competição. Acaba sendo mais maleável em relação à rotina e horários“.
Agora como criador de conteúdo, Sacy falou de suas vontades para o futuro:
“Falando da parte profissional, vou me manter no VALORANT porque eu amo o jogo, sou viciado, jogo 12 horas por dia sendo aposentado. Vou expandir, sair da minha bolha, sempre tento fazer isso. Hoje tenho esse privilégio, depois de tanto tempo jogando, de fazer o que eu quero. Pode ser que daqui dois, três anos, não quero mais fazer isso, vou fazer outra coisa, tenho essa liberdade de fazer o que eu quero fazer. O Sacy do futuro não tem plano, continuar vivendo, aprendendo as coisas, criando desafios. A vida é isso, odeio ficar parado, mente vazia, oficina do diabo“.
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