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Caso srN: como lidar com casos de transfobia? Psicólogo dá dicas
Valorant
Foto: reprodução/Acervo Pessoal

Caso srN: como lidar com casos de transfobia? Psicólogo dá dicas

Com o Caso srN, em que a jogadora profissional de VALORANT sofreu ataques por parte da comunidade do jogo, a Game Arena entrou em contato com um psicólogo para entender o que é possível fazer para auxiliar as vítimas após situações de transfobia.

Siouxsie Rigueiras •
18/12/2023 às 23h54, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 7 minutos

Com o Caso srN, em que a jogadora profissional de VALORANT sofreu ataques por parte da comunidade do jogo, a Game Arena entrou em contato com um psicólogo para entender o que é possível fazer para auxiliar as vítimas após situações de transfobia.

Sendo o pioneiro no competitivo brasileiro, Rafael Pereira é um psicólogo que trabalhou em equipes de esports por longos periodos e que conversou com a redação, dando dicas de como lidar com a problemática que é considerada crime por lei.

O profissional, que foi responsável por idealizar o projeto Preparando Campeões da CNB E-sports Club de League of Legends (LoL) em 2015, também fez parte da campanha vitoriosa da KaBuM Esports na modalidade antes de ir para a Coreia do Sul, em que está em processo de concluir seu doutorado.

“Primeiro é necessário lembrarmos que todo tipo de transfobia é também um tipo de violência”, explicou Rafael. Segundo ele, “violência não está exclusivo somente ao campo físico, mas também ao campo psicológico, emocional e social”.

Episódios de transfobia podem ocorrer em “todos os campos”, mas apenas um pode acabar afetando os outros e é por conta disso que quem sofre os ataques necessita acolhimento.

De acordo com o profissional, também é necessário olhar para quem está próximo desta pessoa, tais como amigos e também familiares, que, juntos, acabam tomando as dores.

 

Um amigo/a/e sofreu transfobia. Como ajudar?

Para Rafael, existem alguns direcionamentos que podem ser seguidos sempre respeitando a vítima o máximo possível em um momento tão delicado. Veja:

  • “Nesses casos, é importante fazer um primeiro acolhimento para saber que a vítima está segura e que não sofre perigo imediato de mais ataques;
  • Assim que a pessoa já está em um local ou situação mais segura, aquele que busca auxiliar pode se colocar disponível para ouvir ou auxiliar caso a vítima queira falar sobre a situação;
  • Aqui é muito importante não só estar presente, mas também respeitar como a pessoa se sente;
  • Não force a vítima a falar sobre o ocorrido, nem que ela chore, ou que ela sorria, deixe que ela reaja por conta própria, esteja somente lá para ouvir, e faça uma ação mais incisiva somente em caso de a vítima tentar provocar algo que possa se ferir mais ainda;
  • Caso a pessoa queira compartilhar sobre o que sente, pensa e passou, ouça sem julgamentos. Escute atentamente e com respeito, garantindo que ela se sinta ouvida e compreendida, deixando que ela saiba que aquele é um lugar seguro”;
  • Auxiliar na procura de contato especializado com um psicológo que acompanha a pessoa ou um profissional que esteja a par da luta LGBTQIAPN+ para uma sessão extra.

Existe a possibilidade da pessoa ficar com uma “carga ansiosa muito alta”, tendo “dificuldade de se reconectar com o meio”. Neste caso, o ideal é tentar fazer algumas técnicas de respiração para tentar a acalmar no momento. É importante que a pessoa se sinta confortável em fazer os exercícios e que eles sejam realizados em conjunto.

 

“A transfobia é um problema social que requer uma resposta coletiva de apoio, solidariedade e ação. Porém juntos, é possível criar um ambiente mais seguro e acolhedor para todos”, diz Rafael Pereira.

 

Sou familiar da vítima. O que posso fazer?

Rafael pontuou que a transfobia “também reverbera no círculo social e emocional”, por conta disso, a família apoiar e compreender a situação é um bom começo. Além disso, tanto parentes, quanto amigos próximos, “desempenham um papel crucial no processo de cura e no fortalecimento da resiliência” da vítima.

“Busquem entender melhor o que é ser uma pessoa trans ou não-binária. Informem-se sobre questões de gênero e os impactos da transfobia. Isso ajudará a criar um ambiente de apoio mais informado e empático.”

 

“Quando estiverem juntos, mostrem que estão dispostos a ouvir. Assim como no acolhimento direto à vítima, é importante dar espaço para que ela fale, sem pressionar. Suas reações e sentimentos são válidos, e ouvi-los atentamente reforça o sentimento de segurança e aceitação. Respeitem sempre sua identidade e pronomes.”

 

Imagem: reprodução/Freepik – Vectonauta

 

“Pequenos gestos de afirmação podem ter um grande impacto positivo em seu bem-estar emocional. Ofereçam ajuda prática, seja acompanhando a consultas médicas, ajudando a encontrar recursos terapêuticos especializados ou simplesmente estando presentes em momentos de necessidade.”

 

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De acordo com o psicólogo, em alguns casos, atitudes pequenas podem fazer a diferença. Outra informação relevante é a busca de terapia do próprio ciclo da pessoa que acabou sofrendo um ataque.

“Às vezes, o suporte pode ser tão simples quanto realizar atividades cotidianas juntos, proporcionando um senso de normalidade e pertencimento. Estejam preparados para serem aliados ativos. Isso significa intervir em situações de transfobia, defendendo e apoiando a pessoa não-binária em ambientes sociais e familiares.”

 

“Lembrem-se de que é importante também cuidar da própria saúde mental. Apoiar alguém que passou por uma experiência traumática pode ser emocionalmente desgastante, então é essencial buscar apoio para si mesmos, se necessário.”

 

“Para isso, considerem também participar de grupos de apoio para familiares e amigos de pessoas trans e não-binárias. Esses espaços podem oferecer compreensão, informações e apoio de outras pessoas que passam por experiências semelhantes.”

 

“Em alguns casos a jornada de recuperação depois de um caso de violência pode ser longa e desafiadora. A paciência, o amor incondicional e a compreensão são elementos chave”, completa.


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