Em entrevista exclusiva, o bezn1 criticou decisões da Riot no tier-2 e o sistema de franquias
Gabriel Luiz da Costa, o bezn1, deu entrevista exclusiva à Game Arena nesta sexta-feira (20), abordando diversos temos relacionados com a comunidade do jogo, além de entoar o couro de críticas à Riot Games.
O ex-jogador da 00NATION começou o papo falando sobre o porquê da sua última equipe, a Fake Natty, agora Legacy, não ter continuado no cenário competitivo misto após a fundação da organização, já que manteve a equipe inclusiva e também a de CS2.
“Eu acho que isso foi muito relacionado ao posicionamento que a Riot teve com relação ao Tier-2, que seria o VCB aqui no Brasil. Porque eu sempre tive uma conversa muito clara com o dead, a gente sempre trocou muita ideia pós-treino. Ficava resenhando com ele, conversando muito sobre as possibilidades, o futuro. E até então tava tudo certo para eles continuarem. Só que os posicionamentos do Leo Faria, o diretor que cuida da parte de esportes, teve posicionamentos muito polêmicos, que foi totalmente contra o investimento no Tier-2. E foi onde eles tomaram a decisão.”
“Querendo ou não, era a Org que talvez mais pagasse bem aqui no Brasil no momento. E foi totalmente contra a linha de visão deles. Que é, quanto menos estrutura, menos vai conseguir destacar e aparecer jogadores melhores e por aí vai. Então, meio que foi uma linha de mão dupla, foi baseado na decisão da Riot que fez eles tomarem a decisão deles.” – disse.
Em seguida, bezn1 explicou os motivos para o elenco não se manter junto em outra organização, afirmando que cada um foi para o seu lado, buscando suas respectivas oportunidades.
“Eu acho que foi relacionado mais a oportunidades que foram aparecendo para cada um individualmente. O artzin acabou sendo chamado para o MIBR, e franquia não tem como negar. O b4rtiN já era uma vontade dele, ele gostou realmente de competir no VALORANT, mas o jogo em si não agrada muito ele e ele tem aquele amor pelo CS. Meio que cada um foi parao seu canto. O xand também tava esperançoso com a franquia, tava fazendo tryouts nas equipes.” – contou.
O pro player também fez duras críticas à Riot Games, fato que vem sendo comum no cenário de VALORANT. Para ele, as decisões da empresa em relação ao tier-2 estão “acabando com sonhos”. Nisso, ele fez um paralelo com a EG, atual campeã do mundo, além de elogiar Saadhak para justificar seu pensamento sobre o tema.
“Querendo ou não, eles estão acabando com os sonhos. Não existe só criança e o jogo em si não foi feito só para crianças se estruturarem e conseguirem chegar lá. O Saadhak conseguiu fazer algo que é exemplar. Só que foi o único até então. Se você pegar algum time da Europa, a própria EG que foi campeã agora, o Dimon1 tem 24 anos, ele não tem 16. Então, eu acho que isso que a Riot fez foi para buscar novos talentos. Só que não é só a criançada que joga. Tem muita gente que vive disso, que largou emprego, que ele trancou faculdade, que acreditou no sonho.”
“Antes de lançar a franquia, estava sensacional, vários times aí com salário altíssimo, todo mundo conseguindo se estruturar, ter uma estrutura de vida e viver. Viver do sonho, que era o que todo mundo sonhava. Quem veio do Crossfire, que era um jogo um pouco menor. Eu que vim do Point Blank, um jogo totalmente menor. Então, a gente meio que criou essa leve esperança e a franquia acabou com tudo. Quem está na franquia está feliz e quem não está, está triste.” – desabafou o jogador.
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bezn1 também desaprovou o formato das franquias da Riot e compara o cenário com a do League of Legends, para que o Brasil tenha mais oportunidades no FPS, assim como tem no MOBA.
“Só que a franquia, eu acho que poderia ser melhor se ela fosse por região. Se fosse a franquia no Brasil, igual a do LoL. Porque priva muito. Se você for parar para ver, vai ter staff, cinco jogadores e às vezes um 6º player. Então, a equipe tem 9, sei lá, psicólogo, fisioterapeuta, tem 11 pessoas cada equipe. Então, tem 35 pessoas empregadas e antes tinha 120. Antes eram 10 organizações muito grandes no VCT. E hoje em dia tem duas ou uma.”
“Então, eu acho que a franquia, para quem está, é o sonho. Todo mundo quer estar lá, mas para quem não está, basicamente acabou com a esperança e com o sonho e até com a vontade mesmo. Por exemplo, eu que tenho 26 anos, eu não pago as contas de vontade de vencer. Não é vontade de vencer que vai pagar minhas contas.” – criticou.
Para bezn1, a decisão de uma franquia quebrou as oportunidades de todos os jogadores de disputar o VALORANT Champions, mundial do cenário. Essa decisão afasta as organizações do país e do tier-2, por não ter oportunidade de visibilidade mundial, segundo ele.
“Além de eles terem quebrado as oportunidades, eu acho que a intenção da franquia é boa, só que para isso dar certo, você não pode deixar de investir na base, que é o tier-2. Tem que ter investimento, tem que ter algumas outras formas de conseguir dar uma atratividade um pouco maior para as organizações. Por exemplo, participar do Champions, para qualquer organização, é o sonho. Você paga todos os salários dos jogadores, você ainda tem um lucro em cima. Era basicamente o que todas as organizações queriam. Era ter um time e participar do Champions por conta do dinheiro das skins, o lucro das vendas.”
“E, para mim, o que mais está tirando as organizações em si, daqui do Brasil e do VCB, é isso. Porque aqui, por ter a franquia, agora, você não joga mais nenhum mundial. O Ascension não é um mundial. Você joga o Américas. Você não vai jogar contra um time da Europa no Ascension. Então, eles meio que privaram muito isso. Onde você leva o nome da sua marca para fora, o nome da sua organização. Você consegue atrair mais patrocinadores e, consequentemente, ter um lucro em cima disso. Falta de exclusividade, quem está na franquia joga todos os mundiais e quem não está, não joga nada.” – revelou.
Apesar de tudo isso, bezn1 ainda acredita no VALORANT e, ao perguntado se ainda vale a pena se dedicar ao jogo, ele diz que sim. Mas, afirma que a Riot precisará fazer mudanças para o ano de 2025, se não, não será viável para ele.
“A minha percepção é que sim. Eu acho que dá para continuar e acredito que a Riot vai ter que tomar umas decisões um pouco melhores para o próximo ano ainda, porque para o ano que vem já foi decidido. Então, no caso, 2025. Tem que mudar e ser diferente. Porque se não, eu acredito que não vai compensar. Para a molecada nova que está chegando agora, acaba compensando, sim. Você que é novo, sua preocupação única é só estudar, acaba compensando. Mas para a rapaziada que é mais velha e tem a minha idade, acaba sendo um pouco de divisor de águas.”
“Eu estou esperando acabar tudo isso, ver qual vai ser a pretensão salarial das organizações, quanto que eles vão querer pagar. Porque o sonho só de jogar e de vencer, já não é só mais isso que importa. Chega um momento que começa outras coisas, preocupações, família, casa, conta. Você cria uma responsabilidade um pouco maior com a idade chegando, quando você vai ficando mais adulto, mais velho. Então me usando como exemplo, eu acho que ainda está um pouco freado. Tem que esperar para ver realmente como vai ser definido, se as organizações vão voltar. Mas hoje em dia eu acho que ainda dá para continuar.” – disse.
Se você gostou deste conteúdo, veja também nossos vídeos. Neste aqui conversamos com mazin, o mais novo pro player do MIBR de VALORANT:
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