Antes de começar a ler a matéria, a reportagem indica que você clique no play de “Novos Horizontes”, visto que, este texto inteiro foi escrito com a música tocando em loop.
A cerimônia de abertura do segundo split do CBLOL 2024 (Campeonato Brasileiro de League of Legends) foi especial. No Ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte, Minas Gerais, cerca de 11 mil fãs apaixonados por LoL (League of Legends) puderam reviver momentos épicos do competitivo brasileiro. Os responsáveis? LVCAS (Lucas Inutilismo), AXTY (Jonathas Peschiera, Gabriel Vacari, Felipe Hervoso e Felipi Grivol) e Edu Falaschi.
Um dia antes da grande final, que ocorreu em 7 de setembro, a reportagem de LoL da Game Arena teve acesso exclusivo aos artistas para entender um pouco mais sobre o processo de criar a música “Novos Horizontes” e a união de nomes expoentes da música em solo brasileiro.
O velho conhecido LoL
O LoL não era exatamente uma coisa nova para a banda de metal core — gênero musical derivado do metal com adição de gritos mesclados a melodias de vocal limpo — AXTY. Na entrevista, os integrantes do grupo falaram que já conheciam o game. Um dos músicos disse que até tentou “jogar uma vez só”, mas no fim, acabou preferindo o VALORANT, jogo de tiro tático da Riot Games.
Se engana quem acha que Edu Falaschi, nome clássico de peso no heavy metal mundial e nacional, possui distância dos jogos. Na época da pandemia, em 2020, o cantor chegou até a ter um canal voltado para gameplays. No caso de LVCAS, que apresenta músicas que misturam gêneros — como metal core, eletrônica e mais — bom… quem é da comunidade já sabe a paixão que o artista tem — até os dias atuais — pelo querido LoLzinho.
A fofoca sem querer de LVCAS e AXTY
No papo sobre o convite da Riot Games para a criação da música tema do segundo split do CBLOL 2024, LVCAS explicou que, sem querer, acabou soltando uma informação confidencial sobre o projeto para a grande final no Mineirinho.
“Vou contar uma perspectiva engraçada sobre o convite da Riot, porque a gente estava conversando há um tempo, querendo fazer funcionar e, dessa vez, estava tudo caminhando para a gente conseguir fazer. Eles [Riot] me falaram na reunião que ia ser junto com a AXTY e tinha um super lance de confidencialidade, nem minha mãe podia saber. Eu fui fazer um trabalho [com a AXTY], a gente foi gravar um clipe e aí eu falei: você tá no negócio da Riot lá, né?”, disse LVCAS.
O vocalista da banda, Felipe Hervoso, comentou que, na verdade, já sabia com quem iria trabalhar em “Novos Horizontes” — também em uma reunião com a desenvolvedora, mas o fato de existir uma “super confidencialidade” no projeto, o pegou de surpresa quando LVCAS soltou, sem querer — claro, a informação em formato de pergunta.
“Vocês tem algum problema com o Lucas Inutilismo?”
Felipe disse que, em algum momento, a AXTY foi questionada se tinha “algum problema com o Lucas Inutilismo” e a resposta — de velhos amigos — foi clara: “tenho todos”; neste momento, todos os artistas riram juntos durante a entrevista lembrando do momento que esbanjava intimidade e já mostrava como existia, antes mesmo de “Novos Horizontes”, a famosa sincronia da bot lane que muitos — não seriam todos? — jogadores de LoL buscam em partidas.
Liberdade de criação em “Novos Horizontes”
A Riot Games literalmente foi uma mãezona na hora de determinar limites para o processo criativo da música tema do CBLOL 2024. De acordo com os todos músicos, a desenvolvedora deixou cada um ter o seu momento íntimo de criar a canção sem colocar barreiras, dando liberdade na hora de fazer “Novos Horizontes”.
Na indústria, o tema chega a ser um tabu entre profissionais, visto que, muitas gravadoras se preocupam muito mais com a aceitação do público e forte presença no mainstream, em vez de entender qual é o propósito e essência de cada uma das pessoas que dedicam a vida para viver de música.
Apesar da Riot ser uma empresa global, houve um carinho e atenção para que todos conseguissem reunir esforços de forma livre . Felipe explicou que, particularmente, funcionou para a AXTY: “Eu acho que a gente conseguiu imprimir bem o que a gente é”. Para LVCAS, o sentimento é recíproco.
“[É legal] Esse lance deles contratarem uma banda e deixarem a banda ser ela, porque acontece muito nesse meio de me contratarem para eu ser uma outra coisa. Então… é legal porque não é algo que você vai ouvir no Pão de Açúcar”, conta LVCAS, que sabe que o metal core é apreciado por um público extremamente seleto.
“O metal core, no geral, a gente nunca teve muita abertura no Brasil porque sempre teve muito preconceito. A gente tá tendo essa oportunidade de levantar essa bandeira e abrir esse olho para sempre, é muito importante”, completa Felipe, da AXTY.
Edu Falaschi: “onde eu vou entrar nisso?”
Nome expoente no cenário do metal, tanto do Brasil, quanto fora do país, Edu Falaschi é um ídolo de um público apaixonado pelo gênero, tendo passagem por bandas consolidadas, tais como Angra, Mitrium e Almah. O sucesso do cantor é tanto, que foi o artista chegou a ser eleito pela revista Burrn, do Japão, como um dos cinco melhores cantores de metal do mundo e, ainda por cima, por cinco vezes consecutivas.
Conhecido na cena do heavy metal, power metal e trash metal, Edu participar de uma música de metal core certamente foi uma novidade na carreira de mais de 30 anos na indústria musical: “quando eles me convidaram e falaram da AXTY, você [LVCAS], eu falei: onde eu vou entrar nisso aí?”.
“O meu estilo de som é metal também, mas é outra linha, até a tonalidade de voz, é outro mundo. E aí eu falei: ‘caralho, eu tenho que fazer uma parada aqui converse com o que eles vão fazer, respeitando o briefing pessoal, mas que seja eu'”, disse Edu.
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A química que originou “Novos Horizontes”
Juntar experiências de vida e de carreira nem sempre é fácil, mas no caso de AXTY, LVCAS e Edu Falaschi, foi enriquecedor. O ex vocalista do Angra falou para a Game Arena como foi o processo de aceitar o projeto e a amizade que acabou nascendo entre os músicos, que foi possível de ser vista de forma explícita durante a entrevista exclusiva de cerca de 10 minutos.
“Até para aceitar [o projeto] e tal, eu fui pesquisar o som dos caras [AXTY] para ver onde eu estava entrando [risos]. Eu ouvi, o Lucas eu já tinha ouvido e tal… os caras [do AXTY] são bons mesmo, som legal. Eu gosto desses sons modernos também, apesar de eu ouvir coisas mais [específicas], eu gosto de coisa modernas”, disserta Falaschi.
Com décadas de experiência, Edu já performou em eventos gigantes e com produtos consolidados. Apesar de ser do metal, lembrou que já fez trabalhos com artistas que são da MPB (Música Popular Brasileira), tais como Milton Nascimento, Elba Ramalho, além do maestro e pianista João Carlos Martins e outros músicos. O ponto principal em fazer um projeto é ter a tal da química com os outros músicos e isso aconteceu de forma natural com AXTY e LVCAS.
“Já trabalhei com eventos e grandes produtos, só que eu saí. Sabe quando não bate o santo? Não é grana. Tem que rolar, entendeu? Tem que rolar química e eu vi que os caras estavam indo bem. Gravamos e conheci eles basicamente aqui [no Mineirinho, na passagem de som um dia antes da grande final], tudo certo, os caras [são] gente finíssima — nessa hora, o LVCAS falou: ‘um bando de idiota’ e todo mundo riu — e viramos amigos, eu gosto disso”, pontua.
“Novos Horizontes” abriu a cerimônia do último CBLOL que contará com apenas equipes brasileiras no campeoanto — visto que, em 2025, a Riot Games divulgou mudanças consideráveis para o ecossistema da modalidade nas Américas — e marcou o fim e os próximos passos de uma nova geração de torneios de LoL. Veja como foi o show no Ginásio do Mineirinho com presença de cerca de 11 mil fãs:
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