Anyazita mudou a história do CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), neste domingo (04), para sempre. A profissional foi a primeira mulher a narrar o campeonato mais importante de League of Legends (LoL) do país.
Quem a conheceu agora talvez nem imagine que a jornada nos esports começou em meados de 2019 para a profissional — que já narrou mais de 200 competições de 13 diferentes modalidades.
“Eu sou o narradora no CBLOL Academy, né? Iniciei no ano passado e eu tava para fazer uma substituição. A gente teve um colega que estava afastado devido a questões de saúde.”
“E aí surgiu essa oportunidade para eu estar participando ali da dos casters fixos do Academy. Foi uma experiência muito legal.”
“Eu participei também da Ignis. Fiz a minha primeira final pela Riot, inclusive, que foi a primeira etapa da Ignis Cup […] e aí, a segunda edição também aconteceu… foi sensacional e agora para esse ano de 2024 [no CBLOL]”, conta.
Segundo a caster da Riot Games, a oportunidade surgiu de uma maneira maluca, literalmente do dia para a noite, mas todo o esforço e correria valeram a pena.
“O Schaeppi que é o narrador costumeiramente principal ali da equipe da Riot para o CBLOL, ele ficou meio dodoizinho no sábado à noite, assim que acabou a transmissão…”
“E eu não moro em São Paulo, então… quando […] o nosso diretor mandou uma mensagem ali… oito horas da noite no sábado: ‘Você está em São Paulo, Anyazita?'”
“Eu falei: ‘Não tô, mas eu consigo ir’. Porque eu resido aqui no sul de Minas, são três horinhas ali de ônibus para estar chegando em São Paulo.”
“[Aí ele] falou: ‘Você poderia vir para fazer o CBLOL?’. Eu [respondi]: ‘Como é que é? Oi?’. Foi bem bem inesperado”, conta.
E não para por aí. A profissional também tinha outros compromissos com a própria Riot Games na próxima semana e teve que se virar em tempo recorde para estudar o campeonato.
“Eu tive um tempo bastante restrito para estudo porque da mesma forma que tem o CBLOL no final de semana, a partir dessa semana, voltou o split do Academy na segunda e na terça.”
“Tem mais times participando da Academy… então, eu tava tendo ali um espaço a mais de estudo, né?”
“Realmente estudar um pouquinho ali, como é que tá o histórico do jogadores, quem foi para onde — um pouquinho da janela também.”
“Aí foi uma página completamente nova: ‘Você vai narrar o jogo um e o jogo quatro’. Que foi nada mais nada menos que RED Canids e Fluxo, LOS Grandes e FURIA; completamente surreal”, explica.
As mulheres demoraram muito para conquistar espaço dentro do campeonato mais importante de League of Legends no Brasil. Tudo em passos de bebê, mas narrar o torneio, é outra coisa.
Mulheres no CBLOL
Na história do CBLOL, mulheres demoraram para calcar seu lugar em meio as transmissões, mas… nunca antes uma mulher havia narrado uma partida. Anyazita falou sobre a experiência de ser pioneira e como outras figuras a auxiliaram a chegar neste ponto.
“Óbvio que a gente tem desde muito tempo atrás mulheres participando do CBLOL, mas acaba que estava sempre muito restrito as funções de apresentação, de repórter… mais recentemente a gente teve a Lahgolas e a tabs entrando para comentários e análise…”
“E isso para mim foi algo muito acolhedor. Eu sabia que obviamente teria ali algumas dificuldades… entender melhor a dinâmica; porque o CBLOL tem todo o seu trejeito que funciona ali, como se fosse realmente um organismo vivo nessas horas que é uma transmissão tá rolando”
“Mas eu fui ali realmente muito abraçada pela equipe e, no final das contas, deu tudo certo. Eu tava esperando até que fosse ficar um pouco mais travada, mas o friozinho na barriga eu acho muito bom, eu sinto que ele me incentiva aí pra frente”, disserta.
Para a próxima leva de mulheres que queiram ocupar lugares — no vídeo, citou nomes como Lahgolas, Ravena, Tawna, tabs, Rafa Tomasi, Camilota, Morgan e mais, a profissional deixou uma mensagem carinhosa, lembrando que todos precisam ser ouvidos.
“Eu acho que é sempre insanamente importante você lembrar de que a sua voz merece ser ouvida, independente da função que você vai exercer, independente do lugar que você esteja.”
“Vai ter gente pra falar: ‘vou deixar no mudo’. Problema dessa pessoa, você vai estar lá realmente colocando o seu coração para dentro do jogo”
“Eu brinco que tem que fazer terapia, mas é mais do que isso é um passo transcendente porque você vai estar se colocando numa posição muito vulnerável”, aconselha.
A vontade da caster é continuar narrando e, claro, estar no CBLOL novamente assim que possível, mas não deixa de ter pés firmes no chão e pensar em outras mulheres que também merecem atenção ao trabalho.
“Eu acho que que essa expectativa pode ser realizada dentro de alguns anos, mas eu penso também que eu não preciso me restringir somente ao LoL…”
“Porque eu narro outras doze modalidades e em algumas delas, eu também já fui capaz de poder trazer um pouquinho dessa muvuca”, conta a profissional.
O primeiro passo foi dado: uma mulher narrou o CBLOL. Foi em 2024? Demorou um pouco mais de uma década? Sim. Mas o primeiro passo foi dado, o espaço foi conquistado e agora é esperar par que outras brilhem nos campos de justiça de Summoner’s Rift.
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Pensando nas próximas mulheres
“Eu, por exemplo, fui a primeira narradora do Pokémon United, do Honor of Kings. O pioneirismo não é o que eu vou bater no peito e falar: ‘nossa, porque eu fiz isso'”
“Eu falei: ‘Gente isso, aconteceu. Vamos ser as próximas? Vamos ter esse espaço para as próximas?’ […] Eu penso muito que, a partir do momento em que você já traz essa ruptura de alguma forma, você tem que conseguir ali abrir o espaço para onde você entrou…”
“E eu tenho plena consciência de que o espaço que eu ocupei no CBLOL, por exemplo, é muito devido a Fogueta, Lahgolas, a tabs, a Rafa, a Camilota, a Tawna… e realmente muito graças a tudo que elas fizeram…”
“E também é Morgan que era apresentadora lá atrás; tem muita coisa antiga dela. E se não fossem todas as tentativas, toda persistência delas, nunca teria existido uma primeira narradora mulher no CBLOL” — Anyazita
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