Em entrevista durante a Open Air, Flakes Power falou sobre competitivo de Fortnite e disse que, ainda esse ano, investirá em outros jogos
Flakes Power, CEO da Hero Base, deu entrevista exclusiva a Game Arena durante o evento Open Air. Durante o papo, o também criador de conteúdo destrinchou o cenário de Fornite dando detalhes de como ele enxerga o meio competitivo do Battle Royale da Epic e as mudanças que ele precisa para se desenvolver.
Primeiramente, ele começou falando sobre a sua visão do cenário, afirmando que o Fortnite é um jogo para “pessoas mais jovens”, dando motivos para justificar o porquê de seu pensamento.
“Olha, esse assunto eu posso passar três horas falando contigo. Eu falo para todos que o cenário de Fortnite tem potencial gigantesco para crescer, mas hoje acaba sendo um jogo para a galera mais nova. Essa galera tem mais habilidade com o jogo, por conta de reflexo e tudo mais, então eles acabam tendo mais performance. E, essas pessoas mais novas, sem uma pessoa por trás que entenda de gerenciamento de carreira e de e-Sports, para agregar na carreira dela e fazê-la com que ela cresça como profissional é muito importante, mas hoje isso não tem.” – disse Flakes Power.
Em seguida, o CEO lamentou sobre a postura que os pro-players do FPS tem com relação as suas carreiras, dizendo que eles “levam tudo na brincadeira”.
“A gente vê a maioria dos pro-players de Fortnite levando tudo na brincadeira, não fazendo questão de criar uma carreira sólida. Muitos têm vontade, mas não sabem por onde seguir e muitos também não fazem tanta questão. Por conta disso, a gente não tem investimento versificado no cenário.
Pois, quando a gente tem uma organização por trás, ela consegue contratar pessoas, movimentar o cenário e criar uma estrutura para ele crescer. E hoje, por conta das decisões da Epic de voltá-lo 100% para o jogador, ele não é focado nas orgs, os jogadores tomam as decisões que querem e preferem ir por esse caminho onde ganham grana e não investem na própria carreira por diversos motivos.” – lamentou.
Na sequência, Flakes falou sobre o seu polêmico vídeo que repercutiu muito nas redes sociais apontando esses problemas que o Fortnite hoje vive para se tornar um jogo com um cenário competitivo sólido.
“Então, esse meu vídeo foi apontando esses problemas e mostrando como seria importante para o cenário se os jogadores investissem na própria carreira, criassem conteúdos, mostrassem mais a cara, porque isso iria gerar mais torcida para eles, e com mais torcida teríamos mais visibilidade nos campeonatos e mais investimento de patrocinadores. E, assim, o cenário como um todo pode crescer em cima disso.
Outro problema grande não é nem o fato de outros jogadores não quererem se profissionalizar, mas muitos deles, além de não querer investir na carreira profissional, querem avacalhar, então tem gente que todo campeonato troca de nick no jogo. Qual o sentido? Hoje você ganha um campeonato, não faz sentido você querer trocar de nick. Então, às vezes você ganha o campeonato pela segunda vez e as pessoas acham que é a primeira, pois você trocou de nome. E aí tem gente que avacalha desse jeito e realmente não leva a sério a parada. Então, a gente tenta de todos os jeitos investir, fazer a galera mudar de ideia para ver o cenário crescer, mas não é fácil.” – finalizou.
Depois, Flakes Power afirmou que a Hero Base mudou estratégias visando consolidar ainda mais o meio competitivo do Fornite. Segundo eles, antes a organização era pautada apenas pela forte criação de conteúdo. Agora, ele quer voos mais altos e planeja conquistar o título mundial na Dinamarca com o “trio mais forte da América Latina”.
“A gente mudou totalmente a estratégia da Hero Base, né? A gente sempre conseguiu bancar nossa operação através da criação de conteúdo. Eu sempre falo, porque, como o cenário não é desenvolvido, tem pouco investimento. Então sempre puxamos um gancho muito forte de criação de conteúdo e a gente não conseguia enxergar formas de ter um competitivo forte, sendo que uma grande parte da galera não levava a sério.”
“Mas agora mudamos o foco total, pegamos o trio mais forte da América Latina, que tem grande chances de ganhar o mundial, tem a vaga para a Dinamarca e acho é a primeira vez que uma organização tem a lineup completa, por que como você vai acompanhar um time onde hoje um jogador joga aqui, e o outro joga na FURIA e o outro não tem org? É muito confuso. Então eu como org, como vou contar uma história para quem torce pro meu time? É muito confuso.
Então, estamos tentando criar uma história até chegarem na Dinamarca para alimentar essa questão de torcida, para conhecerem a história dos jogadores, mostrar como estão se dedicando, para chegar no World Cup e termos uma torcida forte, uma base sólida, torcendo não só pelos jogadores mas também pelo Brasil, para levar essa taça para casa.” – confessou o CEO.
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Flakes Power ainda falou sobre a entrada da Hero Base em outros jogos. Ele abriu as portas para essas mudanças, mas deixou claro que só acontecerá após “organizar a casa” no Fortnite.
“A gente está com muita vontade de investir em outro jogos, sabemos que precisamos fazer isso e estamos muito perto de fazer acontecer. Estamos estudando as possibilidades, mas não queremos dar esse passo antes de saber que a nossa operação de Fortnite está redonda.
Porque foi uma conversa que tivemos internamente: como vamos para outro jogo, sendo que o que dominamos e somos os maiores ainda não estão 100%? Não alcançamos nosso objetivo e está longe de chegar no estágio do “fez acontecer”? Então queremos alinhar toda a operação de Fortnite, estamos perto de fazer isso dar certo com as nossas novas estratégias, tem tudo para dar certo. E a gente conseguir ir para outro jogo sabendo que fizemos tudo que tinha que fazer no Fortnite e agora de também contar outra história.” – afirmou.
Ele deu ainda mais detalhes de como está estudando essa operação de migrar para os novos jogos e tornar investimentos algo sustentável.
“Depende muito das ações internas, de alinhar a casa. Como eu falei, é pela primeira vez que temos uma lineup completa de Fortnite, antes eram jogadores desfocados e a gente não conseguia fazer o papel de um time competitivo. Pois, se eu tenho vários jogadores jogando com pessoas aleatórias, como que eu vou prestar um suporte para esse? Agora, temos muitas estratégias, já são campeões e vamos dar o maior suporte possível, ter a nossa casa alinhada para essa nova proposta, algo que não estamos acostumados a fazer. Até então, éramos uma org focada em criação de conteúdo do que em competitivo e, assim que alinharmos a casa internamente, tendo a operação redonda, vamos para outro jogo.” – comentou.
Flakes colocou um prazo para a Hero Base investir em outros cenários, afirmando que deverá ser “ainda esse ano”. Ele comentou sobre o momento ruim que o VALORANT vive e afirmou que o cenário de CS é uma realidade, já que seu head é apaixonado pelo jogo.
“Estamos estudando todas as possibilidades e, sinceramente, fazendo conta. Porque entrar em um jogo de modelo de franquia não é barato, tem que ter investimento por trás. Estamos indo atrás de marcas, estudando, para poder entrarmos com uma operação sustentável, que faça sentido, ainda mais nesse momento que o mercado não está fácil. A gente sabe que o VALORANT tá passando por um problema agora em relação aos campeonatos, tem organizações saindo, então não está fácil para entrar.
Então, estamos estudando para entrar com o pé direito e fazer uma operação sustentável e escalar no longo prazo. O Luis (Head de Esports) mesmo está louco para entrar no CS, ele é apaixonado e ele foi uma peça fundamental para isso, já que ele entende do cenário e ele está ajudando a gente para saber onde vamos apostar nossas fichas e, com certeza, ainda esse ano, devemos dar esse próximo passo rumo a outro jogo.” – revelou.
Por fim, Flakes comentou sobre paralelo entre lidar com o público infantil em um jogo de tiro, de cunho mais violento do que os demais, como é o FPS da Epic Games. Ele disse que é comprovado que “jogos não tornam pessoas violentas” e ainda citou outros formatos que o Fortnite criou para fugir dessa questão do “modo tiro”.
“Acho que já foi mais do que comprovado que jogos, apesar de ser de cunho violento, não torna as pessoas que jogam violentos. Os jogos eles ajudam as pessoas em diversos aspectos, mas quando falamos de Fortnite, ele não é um jogo violento. É um jogo “cartunizado”, que não tem sangue, ele vai no expecto da brincadeira, existem modos que não tem nada a vê com a violência. O modo olímpico não é battle royale, é um mapa criativo onde você precisa passar um percurso e nesse percurso tinha vários aspectos olímpicos.” – detalhou.
Flakes ainda completou sua fala comentando sobre esses novos modos criados pela Epic não serem tão competitivos, mas que isso será algo para evoluir dentro do cenário e, daqui há pouco, ter “vários modos competitivos que fogem dessa proposta”.
“Então, não foram por esse caminho de jogadores atirando uns no outros e eles preferiram criar do modo criativo, criaram uma experiência diferente dentro do jogo e trouxeram essa oportunidade. Tem um problema nisso, que é não ser tão competitivo, pois a maioria dos jogadores não treinam para isso. Mas, para todo mundo é novidade, são jogadores de battle royale que não são acostumados a isso, mas não temos o máximo de desempenho possível, mas isso está evoluindo e vamos ver a cada vez mais com modos de jogo que não estão relacionados ao battle royale tradicional.
Daqui há pouco podemos ter vários modos competitivos que fogem dessa proposta e podem levar o jogo para outro caminho e criar outra área competitiva que não estamos vendo hoje.” – concluiu.