Os casos de racismo nos esports existem e não são poucos. Não importando a modalidade, é um problema estrutural da sociedade que reflete no cenário, sendo que, nesta semana (16 e 17), duas situações tomaram o cenário de VALORANT.
Mas… afinal, por que há uma longa demanda de atitudes racistas dentro dos esports? A redação da Game Arena conversou com ativista antirracista Vicky SM para entender os pormenores do fato.
Os esports como um espelho da sociedade brasileira
“Não é a primeira não é segunda não é a terceira e com certeza também não vai ser a última vez que a gente vai falar de racismo dentro dos esporte e isso é muito preocupante”, alerta a profissional que que integra o cenário de VALORANT como caster.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022, 56% da população do Brasil é negra, sendo que, de acordo com a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os casos de racismo cresceram 67% entre 2021 e 2022, mostrando que a maior parte dos brasileiros ainda sofre preconceito; isso, sem considerar os diversos ataques que não são denunciados e ocorrem diariamente.
Com isso, fica fácil entender o problema estrutural que existe no país, que reverbera nos esports, principalmente por conta de ser um ambiente virtual que propicia a toxicidade entre players sem algum tipo de punição direta de algo que é considerado crime de acordo com a LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.
Cancelamento: como agir quando um pro player praticar racismo?
“Ah, mas e aí? Uma pessoa foi racista… o quê eu faço agora? Eu cancelo ela de todas redes sociais? Eu bloqueio ela do mundo? Peço o emprego dela?”, questiona a caster.
“Racismo é um crime e deve ser responsabilizado como tal. A pessoa tem que ser responsabilizada, tem que haver uma denúncia e ela tem que sofrer as consequências porque não adianta nada a gente ficar culpando na internet e fazendo tuíte e não se informar sobre o assunto porque isso realmente precisa ser cortado pela raiz“, completa.
A ativista ainda citou uma possível solução levantando o ponto que é interessante À pessoa que cometeu o crime: “reconhecer o seu erro e estar aberto para conversar com a comunidade sobre isso”.
Como um pro player ou criador de conteúdo pode fazer após ser racista?
É essencial dar espaço para vozes pretas: “trazer pessoas assim até buscar conteúdo e toda educação que ela precisa para fazer a parte desse combate. Se ela tá aberta escutar isso acontece mas eu não falo de julgamento da parte de cancelamento, mas o julgamento próprio dela olhar para si mesma e fala assim: eu errei nessa parte”.
“Como que eu posso ajudar nisso?” pontua. “Obviamente usar o engajamento que ela tem na comunidade para trazer esse tópicos. Por que não usar esse engajamento que foi feito tecnicamente para algo ruim, para levar mais para uma coisa boa para a comunidade?”
Por que o racismo acontece?
Para a também criadora de conteúdo, que é focada no assunto e luta por um cenário mais inclusivo, é essencial olhar para o tema dando a importância que realmente merece: o discutindo sempre.
“Isso [racismo estrutural] precisa ser mudado. Precisamos ter olhos críticos para que a mudança aconteça. Só que a todo momento a gente vê isso acontecendo, em todo momento a gente vê as pessoas falarem: não dá mais para aguentar, mas isso não dá para mudar'”.
“Por que continua acontecendo? É porque simplesmente a gente não dá palco para a causa durante o ano e sim apenas quando acontece. No caso de racismo, são não brancos que estão falando sobre essas pautas indiretamente.”
“Nós precisamos desse palco nós precisamos que as nossas vozes sejam ecoadas porque se a gente não for ouvir sobre o ano inteiro, vamos deixar isso continuar acontecendo” explica.
Enquanto casos e conversas acontecem nas redes sociais levantando problemas pontuais de racismo, existem outras formas de apoiar a causa.
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Vale lembrar que a FURIA é uma das organizações brasileiras que mais luta pelo tema e sempre está envolvida em projetos que se responsabilizam por mudar a vida de diversos pretos.
Ir pra BGS é uma experiência única, né?
Hoje, em parceria com o Pãozinho Solidário, pudemos proporcionar para crianças, adolescentes e adultos atendidos pelo projeto um #DIADEFURIA na Brasil Game Show! 🖤🤍#FutureIsBlack pic.twitter.com/itgwr2fZn6
— FURIA (@FURIA) October 15, 2023