A Game Arena entrevistou um dos maiores nomes do Counter-Strike brasileiro, Vito “kNg” Giuseppe, que durante o bate-papo falou sobre as rivalidades que viveu no cenário e mais.
Presente no competitivo de CS desde 2008, quando ainda tudo era mato, o dono d’O Plano fez parte da evolução do jogo da Valve, passando por equipes lendárias da modalidade.
Durante a conversa, kNg foi questionado sobre as clássicas rivalidades que sempre foram presentes no CS. Atualmente, ele acredita que alguns pontos tem dificultado o nascimento deste tipo de coisa, que considera saudável e benéfico para o game como esporte.
“O tempo mudou, né? Então… naquela época a gente criou bastante rivalidade” revelou. “Não tinha essa tropa do cancelamento, então... era bem mais sadio mesmo sendo mais pesado e sem filtro. Era outra linguagem”, relembrou. “Hoje eu acho que se criam poucos jogadores com personalidade. Acho que todo mundo tem um pouco de medo do cancelamento“, completou.
kNg sempre foi uma figura que transmitia até certa “rebeldia” no competitivo por falar o que pensava. Ao citar o famigerado cancelamento que cresceu no meio da internet, chegou a falar sobre a existência de “muito julgamento”:
“As vezes um jogador fazer uma jogada errada, ele fica marcado por aquilo porque alguém colocou ali o foguinho na palheira. Então, eu acho que muito jogador tem medo de se posicionar.”
“Eu acho isso ruim para vender o jogo. Eu sempre fui um cara que criei várias rivalidades, mas sempre com a intenção de vender o meu próprio peixe”.
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Rivalidades marcantes
“A gente teve algumas [rivalidades] marcantes aí”, disse. Ao falar sobre Immortals e SK Gaming, kNg pontuou que os elencos eram “bem parceiros”, mas que dentro do server a história era diferente: “o couro comia” .
MIBR e FURIA foram citadas por ele: “Essa ficou bem marcada também. O Fer também várias e eu falei algumas.”
“Os moleques [da FURIA] infelizmente também ficaram marcados um pouco negativamente, mas eu acho que eles poderiam ter se posicionado. É só simplesmente algum deles abrir a câmera e falar ‘achávamos que era outra coisa’, ponto.”
“Todo mundo só deixou e os caras apanharam. As pessaos se acostumam a ficar apanhando. Eu não sou esse tipo de cara, eu me posiciono. Esse dia contra a FURIA, além da gente ter ficado bravo e tal, nós não precisávamos. KNG, FalleN, Fer e TACO querer meter o louco e ganhar o round dos cara roubando?! Isso não existe!”
Apesar da situação que o decepcionou, kNg admite que aproveitou para elevar a rivalidade e hypar o cenário.
“Eu falei de uma forma respeitosa para os caras. Eu lembro que eu fiz um stories… o stories deu 300 mil cabeça naquele dia e eu falei: ‘Ae, vocês são bom pra caralho, monstros. Mas assim não!’.”
“Não falei que os caras era ruins, merdas ou qualquer coisa. Eu falei assim não porque eu tava incitando a rivalidade. No próximo jogo, todo mundo já ia querer ver a casa cheia. Estádio lotado! […] É isso que cria o estádio lotado”.
O assunto rendeu mais falas por parte do sniper, que explicou como ocorreu mais um episódio das saudáveis rivalidades do competitivo de CS.
“O Nekão postou e a gente sentiu ali que era para nós. Tinha acabado de rolar um jogo pariasso (sic), 180 mil cabeça… aí o Leo respondeu, aí a gente já tipo montou uma ideia por trás.”
“É o seguinte: vamos colocar aqui na parede, vamos bater nos pouca mídia. Aí a gente vinha fazer o quê? Acordava, ia pro Centro de Treinamento: ‘pouca mídia, pode esperar, sua hora vai chegar”, disse rindo.
“Com essas coisas assim, o brasileirinho ficava louco com nós. […] Se você pegar essa magia do esport […] é a magia real do esport. A parada da competição. Eu acho isso muito foda.”
kNg chegou a falar sobre a relação do tema no próprio esporte tradicional, trazendo comparações dos funcionários palmeirenses d’O Plano.
“Na minha empresa tem uma par de porco, os cara lá é folgado. Ficaram cinco anos quietos. Depois da Parmalat ficaram lá para baixo, aguentou a gente falando vários anos.”
“Aí lá na empresa tem um logo de LED, que muda a cor. Quer ver eu morrer, é eu chegar lá na empresa e estar verde. Queria morrer. ‘Eu não acredito, vou esconder o controle’. Isso era muito foda porque dessa resenha toda saía 50 gargalhadas”.
De acordo com ele, são esses tipos de brincadeiras saudáveis que faltam nos esports. O próprio recorde de 394 mil do MIBR na disputa contra a Evil Geniuses (EG), foi por conta de todo o processo realizado antes.
“Era por toda a construção, porque FalleN se posiciona, Fer se posiciona, Taquinho é brabo, inteligente, joga muito, sabia fazer a mídia dele. Quando tinha esses caras trabalhando na mídia, ficava muito fácil.”
“Não era só pela competição, a gente estava jogando a final de uma BLAST, que é um campeonato legal e tal, mas não era um Major.”
“Essa parte eu sinto um pouco de falta. Eu acho que a molecada está mudando e a minha geração está ficando pra trás, tá ali chegando quase nos finalmente, já é uma troca de bastão”, finalizou em tom nostálgico.
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