Em entrevista direto da Kinguin em Varsóvia, treinador ainda falou sobre trabalho na 9z e confessou que só considerou a Imperial
Com a eliminação precoce das equipes brasileira que disputavam a IEM Katowice 2023, nossa equipe de cobertura presencial foi remanejada para a capital do país, Varsóvia, onde a equipe da Imperial Esports faz um bootcamp direto da Kinguin, o maior centro de performance e estrutura para treinos de equipes de eSports do mundo. Por lá, falamos com Rafael “zakk” Fernandes, treinador da equipe.
Em um bate-papo rápido para não atrapalhar os intensos treinamentos que a equipe vem fazendo ao longo de toda a estadia, o treinador falou com exclusividade ao portal e abordou inúmeros temas, como o seu trabalho na 9z, adaptação a nova equipe, rotina de trabalho, o Counter-Strike atual e até deixou escapar uma fala de Gabriel FalleN sobre a sua aposentadoria.
zakk na 9z e ápice da carreira
Começando a entrevista, zakk analisou toda a sua trajetória como treinador da 9z, confessando que ficou impressionado com o trabalho e com as pessoas que ele encontrou na equipe, elogiando os jogadores que comandou ao longo desses três anos.
“Eu achei muito legal, me surpreendi muito ter trabalho com eles, não esperava o nível de respeito e admiração que eles têm, não imaginava do jeito que ia ser. Eles acatavam tudo que eu falava e por um tempo foi até ruim isso, porque eu preciso da opinião dos jogadores para eles ficarem no conforto deles, não no meu. Mas foi incrível, três anos de trabalho na 9z, começamos na Série C e terminamos classificando para o Major, quase passando para o Legends Stage.” – disse zakk.
Ele ainda afirma que foi o “ápice da sua carreira”, pelo fato de ter pegado a organização jogando Série C e deixando a um passo da Legends Stage no Major do Rio. Lembrado pelo trabalho na Immortals onde foi vice-campeão de Major, o treinador que, na 9z, o trabalho foi diferente, pois desenvolveu novos jogadores.
“Foi o pico da minha carreira, mesmo chegando na final do Major com a Immortals. Isso foi muito louco, mas eu tinha jogadores ali já consolidados e na 9z eu não tinha isso, eu tinha jogadores novos que foram evoluindo. Então, acho que foi o projeto que eu mais me diverti e fiz grandes amigos que vou levar para o resto da vida.” – analisou.
Reencontro com Boltz e estilo de jogo
O que zakk vai encontrar em seu novo time são jogadores já consolidados, assim como foi na Immortals. Questionado sobre o tema, ele afirmou que trabalhar que ainda está conhecendo os jogadores e citou Boltz como o único player que ele já trabalhou, na própria Immortals em 2017.
“Trabalhar com brasileiro é sempre legal porque é a minha cultura, só que eu preciso conhecer mais as pessoas em quem estou trabalhando. Conheço eles de encontrar em torneio, mas o único que eu conhecia do time de verdade era o Boltz, que eu consigo identificar quando ele está triste, aborrecido com alguma coisa. Então eu ainda estou conhecendo os jogadores e entendendo o estilo que eles querem jogar.” – afirmou.
Sobre o estilo de jogo que a Imperial quer trazer para a temporada 2023 com a ajuda dele, zakk traçou uma comparação com o seu trabalho na 9z e afirma que o modelo que eles definiram é a “melhor forma de jogar”, mas que “demanda muito tempo para se aperfeiçoar”. Ele ainda se mostra confiante com a evolução da equipe.
“É um estilo diferente do que estou acostumado, meu estilo na 9z era muito robótico, muito sistemático. Aqui é um sistema que adapta muito rápido ao que o outro time está fazendo. O que quer dizer isso? Que a gente, com as peças sendo jogadas, a gente muda rapidamente e se adapta muito rápido. Para mim, é a melhor forma de jogar Counter-Strike, o jeito tier-S é esse. Mas é um estilo que demanda muito tempo de se aperfeiçoar, se continuarmos nesse caminho que estamos traçando, vamos chegar longe, mas requer tempo.” – disse.
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Aposentadoria de FalleN
Na sequência do papo, zakk confessou que a Imperial foi a única equipe que ele considerou a proposta, por conta de ser o último ano da carreira de Gabriel FalleN, jogador que o treinador rasgou elogios e que “gostaria de adquirir essa experiência”, treinar o “maior nome do cenário”, segundo ele.
“Foi o único time que considerei, porque é o último ano do FalleN como jogador. Todo mundo que acompanha sabe que, para mim, é o maior nome do cenário. É o cara que começou a construir tudo, deu a cara a tapa e trouxe um monte de gente. Eu nunca fui coach dele, cheguei a jogar com ele um tempo, mas nunca fui treinador dele. E eu queria adquirir um pouco dessa experiência. Quero fazer o meu máximo para ele poder levantar um caneco, porque faz um tempo que ele não ganha título. Já ganhou muitos, mas faz um tempo já do último. Então estou dando meu máximo para darmos essa última felicidade para ele.” – confessou.
Ainda falando sobre FalleN, zakk comentou sobre a aposentadoria do jogador e deixou escapar uma fala dele. Segundo o coach, FalleN prometeu não parar caso a equipe consiga ganhar e ir longe nos campeonatos, o que, para ele, será o seu maior objetivo não deixar o verdadeiro se aposentar.
“Eu queria que ele jogasse por muito mais tempo. Ele disse que, se conseguirmos ganhar e irmos longe, ele não vai parar. Então, o meu objetivo é fazer ele não parar de jogar, mas é um objetivo muito difícil, o CS tá muito complicado.” – disse.
CS atual e evolução da equipe
Na sequência, zakk analisou o momento que o Counter-Strike vive atualmente, comentando sobre os resultados ruins das equipes brasileiras na IEM Katowice. Sobre a IHC, equipe que elimou FURIA, paiN e Cloud9, o coach afirmou que atualmente “não existe mais bobo no CS” e que nunca viu o nível que o cenário competitivo de encontra desde quando começou a jogar, em 2012.
“Não tem mais bobo no Counter-Strike. É complicadíssimo esse nível. Se você vacilou um pouco, os caras já estão um passo na sua frente. É complicado. Desde que comecei a jogar, que foi no beta do CS:GO, eu nunca vi o nível que está hoje, está absurdo. Então, vamos fazer o máximo.” – comentou.
Voltando a falar sobre a sua equipe, zakk deu detalhes da rotina da equipe em Varsóvia durante esses oito dias de bootcamp. Resumidamente, ele afirmou ser o tempo todo CS, que não enxerga isso como algo mega produto, mas que é o que o time está precisando para esse momento.
“A nossa rotina está sendo: treino de duração de duas horas começando às 11h, almoçamos, 2h treinamos até as 17h. Pausa de 1h, depois treinamos até as 22h. Ou seja, é o dia inteiro de CS. Não tem uma janelinha para nada. É almoço, janta e CS. Eu como coach, sinceramente não acho isso mega produtivo, mas é o que o time está precisando nesse momento. Eu não acredito que esse ritmo vai seguir a longo prazo, mas neste mês, a gente precisa disso.” – disse.
Imperial fora do meta?
Por fim, zakk falou sobre o momento atual da equipe, confessando que eles estão “fora do meta”, mas que já viu muita evolução na equipe nesse período de bootcamp. Ele afirma que viu “melhoras absurdas” nos treinos e que “está sentindo muita confiança nos jogadores”.
“Estamos um pouco fora do meta, quando chegamos aqui estávamos com a mira um pouco dura. Porém, nesses oito dias de bootcamp, eu já vi melhoras absurdas no time, ganhando treinos que quando chegamos, estávamos sendo espancados. E nossos treinos são para ganhar mesmo, testar as coisas para vencer. Estou sentindo muita confiança deles e o CS é um jogo que se não entrar confiança, vai dançar, o cara chega e te corta. Em termo de confiança tá bom, porém tá bem puxado.” – finalizou.
zakk e a Imperial Esports retornam ao Brasil no dia 9 de fevereiro para a disputa do open qualifier para a IEM Brazil, prevista para acontecer entre os dias 17 e 23 de maio. A equipe acabou sendo derrota pelo Plano na primeira seletiva e terá apenas mais uma chance de disputar a vaga para o closed do evento brasileiro.
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