Considerado um dos casos mais polêmicos de 2024 no Counter-Strike 2 (CS2), o imbróglio que envolvia Astralis, BLAST, cadiaN e br0, teve um desfecho nesta quinta-feira (27). O provável capítulo final veio após a Esports Integrity Commission (ESIC) concluir as investigações do acontecido e aplicar uma punição em dinheiro.
Relembre o caso
Toda a polêmica aconteceu na BLAST Premier Fall Final 2024, quando a Astralis inscreveu cadiaN no lugar de br0 para a disputa da competição. Naquela altura, as substituições de jogadores eram proibidas no campeonato, salvo em algumas poucas exceções. Uma dessas poucas exceções seria por problemas de saúde e foi exatamente isso que foi alegado.
Após a alegação que br0 teria um problema de saúde e por isso não poderia jogar o torneio pela Astralis, começaram a surgir evidências de que a história não era exatamente essa. Primeiramente, o próprio agente de br0 afirmou publicamente que ele estava apto para jogar.
Em seguida, uma apuração da HLTV apontou que ele não só estava apto para jogar, como estava jogando e fazendo testes para entrar em outras equipes.
O caso gerou revolta não só na comunidade, mas também entre os profissionais. Como ato de protesto, nomes como Snappi, Karrigan, Twistzz, apEX, snax e Aleksib boicotaram o media day do torneio. Nas redes sociais todos alegaram que não estavam bem para participar do media day, em alusão ao problema falso de saúde de br0.
Durante o IEM Rio, quando perguntado pela Game Arena qual foi a situação mais engraçada que já viveu nos esports, apEX citou o caso: “Essa situação do ‘br0vid’. Foi engraçada e nada engraçada ao mesmo tempo!“.
A punição da ESIC
A conclusão das investigações da ESIC aconteceu cerca de dois meses após o início do campeonato. No documento que está público no site oficial da instituição, a entidade reconhece erros por parte da BLAST e da Astralis.
No caso da organizadora, a ESIC aponta que houveram falhas no processo da BLAST. Isso porque eles aceitaram a substituição de br0 “sem validação suficiente“. Já do lado da Astralis, é afirmado que a organização “se beneficiou do mal-entendido“.
O documento também ameniza e aponta que a substituição não gerou impacto no resultado do evento, “pois a Astralis não avançou além da fase de grupos“.
Veja abaixo o resumo das conclusões da ESIC sobre o caso:
Falhas no processo da BLAST
A BLAST aceitou o pedido de substituição da Astralis sem validação suficiente, confiando apenas nas representações feitas pela equipe. Essa supervisão processual levou a uma falha de comunicação, com a BLAST anunciando a substituição com uma motivação clinica, sem nenhuma evidência de apoio.
Conduta da Astralis
A Astralis se beneficiou do mal-entendido e não corrigiu prontamente a falha de comunicação da BLAST. Este comportamento violou o Programa de Integridade da ESIC ao não manter a transparência esperada de uma equipe profissional de esports.
Impacto no Evento
A substituição não impactou materialmente o resultado do torneio, pois a Astralis não avançou além da fase de grupos.
Ações tomadas
A BLAST se comprometeu a melhorar seus processos para substituições de emergência. A ESIC sancionou a Astralis uma multa financeira de US$ 15 mil, a ser doada a uma instituição de caridade sem fins lucrativos aprovada pela ESIC. Além disso, a Astralis deve perder sua recompensa monetária do torneio [US$ 10 mil].
Conclusão
Embora as ações da Astralis não tenham afetado os resultados competitivos, a falta de integridade em sua conduta ressalta a importância de uma governança robusta nos esports. A ESIC continua comprometida em garantir justiça, transparência e responsabilidade dentro do setor.
Confira aqui o relatório completo.
Today, the Esports Integrity Commission (ESIC) publishes the findings of its investigation into Astralis’ emergency substitution request for Alexander “br0” Bro during the BLAST Premier Fall Final.
This investigation was initiated following a formal request from BLAST to… pic.twitter.com/3C5UgE29vT
— ESIC (@ESIC_Official) November 27, 2024
Astralis se pronuncia
Em nota no próprio site oficial, a Astralis se diz “desapontada” com a decisão da ESIC. Em resumo, a organização se eximiu do erro e afirma que a ação foi pautada perante a lei da Dinamarca. Confira:
“Hoje, a ESIC anunciou sua decisão sobre a investigação referente à substituição emergencial de Alexander “br0” Bro por Casper “cadiaN” Møller durante a Final de Outono do BLAST.
Levamos a decisão em consideração, mas mantemos que nossas ações estavam de acordo com as leis trabalhistas dinamarquesas aplicáveis. Estamos desapontados que a decisão da ESIC não inclua a obrigação legal do empregador de proteger seus funcionários em uma situação delicada.
À luz da decisão, decidimos doar US$ 15.000 para a Fundação Dinamarquesa de Saúde Mental (Psykiatrifonden).
Não temos mais comentários neste momento.”
Astralis Statement on ESIC Ruling: https://t.co/Fu5VJ2rGCo
— Astralis Counter-Strike (@AstralisCS) November 27, 2024
Até o momento da publicação da matéria, BLAST, cadiaN e br0 não comentaram o assunto nas redes sociais.
Veja também nossos vídeos. Neste a Game Arena entrevistou cadiaN pouco tempo depois da polêmica e perguntou ao jogador sobre a polêmica, além de outros assuntos. Confira: