Jogadora da Imperial feminina de Counter-Strike 2 (CS2), Zainab “zAAz” Turkie se apresentou na IEM Katowice 2025 usando hijab e chamou a atenção de parte dos torcedores que não estão familiarizados com a cultura muçulmana.
Nascida na Suécia, zAAz tem raízes libanesas e manteve as tradições da religião islâmica no jogo contra a FURIA. Após o término da partida, a jogadora da Imperial não cumprimentou o time brasileiro com o tradicional toque de mãos. Isso porque há diretrizes na religião sobre o contato físico entre homens e mulheres que não são parentes próximos (mahram).
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Aproximação de zAAz com o islã
Os torcedores mais próximos do cenário feminino de Counter-Strike se lembrarão de zAAz em outros torneios sem utilizar o hijab, mas a atleta mudou a postura recentemente. Parte disso se deu pela proximidade recente com o islamismo.
Em publicação feita nas redes sociais nos últimos dias de dezembro, a jogadora da Imperial feminina comentou sobre a reaproximação com a religião. Ela celebrou ter concluído o primeiro Umrah — peregrinação opcional islâmica à cidade de Meca, na Arábia Saudita.
Diferente do Hajj, peregrinação obrigatória para muçulmanos realizada uma vez por ano, o Umrah é uma decisão opcional que pode ser feita a qualquer momento do ano. A partir daí, zAAz celebrou novamente o uso do hijab.

“Completei o meu primeiro Umrah. As palavras não conseguem expressar a gratidão que eu sinto. Obrigada, Deus, por me abençoar com esta oportunidade. É uma honra poder usar o hijab”, disse a jogadora da Imperial.
zAAz revelou que passou por um período de reflexão e se aprofundou à fé. A atleta destacou como isso foi importante para o crescimento pessoal e que estava consciente de tudo o que viria como consequência pela decisão tomada, mas que não abria mão de passar pela transformação para que isso se concretizasse.
“Os últimos quatro meses foram uma jornada de reflexão e crescimento à medida que aprofundei a minha ligação com a minha fé. Neste tempo, encontrei partes de mim que nem sabia que existiam. Sei que o caminho pela frente será cheio de desafios, mas também sei que este é apenas o começo de uma transformação muito mais profunda”, disse zAAz.
Hijab pode, mas gorro e boné não?
Um ponto levantado pelos torcedores é o fato de que as principais organizadoras passaram a proibir o uso de acessórios por parte dos jogadores nos torneios. Diversos atletas brasileiros, como Epitácio “TACO” de Melo, Marcelo “coldzera” David e Lincoln “fnx” Lau se popularizaram pelo uso de gorros ou bonés em eventos.

Entretanto, o livro de regras da ESL, por exemplo, é bem claro em relação ao uso de trajes religiosos em torneios. Por mais que tenha proibido a crocs, isso não impede que jogadores e jogadoras possam usar trajes por motivos de religião.
O tópico 4.3 das regras publicadas pela ESL, responsável pela IEM Katowice, esclarece que “qualquer tipo de cobertura para a cabeça é proibido”. Porém, apontam que “exceções especiais podem ser concedidas caso a caso por razões médicas inevitáveis ou religiosas”.
Entretanto, a organizadora destaca que a organização deve solicitar aos organizadores do torneio pelo menos 48 horas antes do início da competição (com exceção para emergência médica). Dessa forma, é por isso que o uso do hijab foi autorizado por parte da ESL.

“Os jogadores e equipes devem garantir que estejam todos com trajes de equipe de cor uniforme, calças compridas e sapatos fechados (ou seja, shorts, chinelos e tamancos de espuma, como Crocs, não são permitidos). Qualquer tipo de cobertura para a cabeça é proibido. Exceções especiais podem ser concedidas caso a caso por razões médicas inevitáveis ou religiosas.
Quaisquer exceções devem ser solicitadas diretamente por e-mail à administração do torneio pelo menos 48 horas antes do início da competição, a menos que uma emergência médica impeça o envio dentro do prazo. Penalidades serão aplicadas para violações menores desta regra (com multa mínima de US$ 250), mas, em casos mais graves (por exemplo, conteúdo ofensivo, roupas com marcas de outras equipes etc.), os jogadores não poderão iniciar suas partidas até que a peça de vestuário problemática seja substituída.
Se possível e considerado apropriado pela administração do torneio, a ESL fornecerá roupas adequadas aos participantes que não estiverem vestidos de acordo com as regras. O custo das roupas fornecidas será então deduzido do prêmio em dinheiro concedido aos participantes. Qualquer atraso causado pela troca de vestuário será considerado culpa do jogador e penalizado de acordo com as regras de pontualidade.“
Jurisprudência no Counter-Strike
Por mais que seja novidade para muitos torcedores que não acompanham o cenário feminino, o uso do hijab não é inédito no universo competitivo do Counter-Strike. Isso porque a modalidade competitiva conta com jurisprudência, mas de outra jogadora.

Atualmente inativa na HSG, organização defendida pela brasileira Olga “olga” Rodrigues, Aisya “Argent” Sabrina é outro exemplo de atleta que também fez uso do lenço durante torneios oficiais da própria ESL.
Durante torneios presenciais da ESL Impact, a jogadora da Malásia também participa dos torneios utilizando o hijab. Dessa forma, zAAz endossa o coro da diversidade que o Counter-Strike permite no cenário competitivo.
Veja nossos vídeos. Neste aqui, entrevistamos exit, jogador do MIBR, que falou sobre as expectativas para a temporada 2025: