Bruna ‘bizinha‘ Marvila, jogadora de Counter-Strike 2 (CS2) da FURIA, concedeu entrevista exclusiva a Game Arena e falou sobre alguns pontos relevantes durante o bate-papo.
O primeiro deles, foi sobre ter conquistado o prêmio de Melhor Jogadora de CS do país, entregue pelo portal DRAFT5. A jogadora agradeceu o reconhecimento e destacou uma cobertura maior do cenário feminino em comparação aos outros anos.
“Apareci lá no ranking da Draft. Antigamente, não tínhamos muitos portais cobrindo o cenário feminino, mas hoje, todo dia aparece um novo com rankings e análises. Fico feliz pelo reconhecimento, mas isso só foi possível graças ao meu time, que confiou em mim desde a minha volta.” – afirmou.
Depois, bizinha avaliou esse seu retorno ao CS após um período no VALORANT. Essa foi a primeira temporada da jogadora desde o seu retorno.
“Minha ida ao VALORANT aconteceu num momento em que eu representava o MIBR. Tínhamos uma rivalidade acirrada com a FURIA, ganhávamos deles durante os campeonatos, mas perdíamos nas finais. Isso trouxe a necessidade de mudanças internas. Além disso, o CS não mudava muito naquela época e acabou me cansando. Muitos jogadores se sentiram assim.”
“Foi desafiador [a readaptação]. Sabia que estava um pouco atrás, mas com foco e determinação consegui me readaptar. Peguei tudo que aparecia, jogava pug, campeonatos menores, pelo time das Capivaras. Precisava mostrar que ainda estava na cena. Com a mudança para o CS2, tive a sorte de entrar em sintonia com o meta e reaprender rápido.” – disse bizinha.
bizinha está em sua segunda passagem pela FURIA, sendo a primeira lá em 2020, no período da pandemia. Perguntado o que ela viu de diferença nessas duas passagens, a jogadora destacou a evolução da organização e o ambiente interno da equipe.
“Naquele tempo, a FURIA estava começando. Só tinham uns seis meses de projeto. Era tudo muito novo e meio turbulento. Não me senti em casa naquela época. O tempo passou, tanto a organização quanto eu evoluímos muito. Hoje me sinto bem, leve e com um ambiente ideal para crescer e dar o meu melhor.” – contou.
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Cenário feminino
Falando sobre os resultados da FURIA em 2024, onde a equipe conquistou um título em cima da Imperial, bizinha trouxe veemência a sua resposta ao dizer que não deseja repetir tal feito, mas superá-lo em 2025.
“A gente não quer só repetir, quer melhorar. No início de 2024, sofremos no Brasil, mas demos um salto gigante e terminamos como top 2 mundial. Agora é sobre manter o foco e a ambição. Competidor que se acomoda vira mediano. Precisamos viver cada jogo intensamente e pensar sempre em evoluir.” – enfatizou.
Sobre o momento que o cenário feminino de CS está vivendo, sem grandes organizações investindo, bizinha acredita que a mentalidade precisa mudar para as coisas acontecerem.
“Sempre ouvi essa história de que Esports só dá retorno se você for para o Major. No masculino, projetos com grandes orçamentos não vão para o Major, mas ninguém fala que não têm retorno. Já no feminino, a coragem para assumir riscos é menor. Só que o custo-benefício do feminino é enorme, dá visibilidade internacional com muito menos investimento. É uma questão de mentalidade.” – opinou.
Apesar disso, pela primeira vez na história uma equipe feminina irá disputar um torneio tier-S entre os times masculinos. Deixando a rivalidade de lado, bizinha revelou torcida para a Imperial mandar bem nos torneios.
“É incrível. Estamos torcendo muito por elas, porque representam todas nós. Mesmo sendo rivais, é muito importante para o cenário. Se elas mandarem bem, pode abrir portas para mudanças nas regras e mais oportunidades para o feminino.” – revelou.
A FURIA teve oportunidade de disputar um dos torneios, a IEM Katowice. Porém, as meninas tiveram que declinar o convite, já que a Valve não aceita dois times da mesma organização disputando o mesmo campeonato por possível conflito de interesse.
Já no VALORANT, o antigo time de bizinha, a Riot Games aceita. Perguntado sobre o que é mais justo, a jogadora afirmou que a decisão não precisa ser de uma empresa, dizendo que a comunidade do FPS também poderia abraçar a causa.
“Uma mudança de regra ajudaria, mas não podemos depender só da empresa. Se a comunidade abraçar e começar a treinar contra times masculinos, já seria um grande avanço. O Gaules, por exemplo, ressuscitou o cenário nacional. Imagina se ele ajudasse a transmitir os nossos jogos femininos? Isso traria mais números e visibilidade.” – refletiu bizinha.
E sobre essa instabilidade que vive o cenário feminino, bizinha voltou a falar que as meninas precisam de mais engajamento da comunidade, citando até Gaules como exemplo.
“Acho que depende mais da comunidade do que das empresas. As organizações saem por falta de números, mas não há números sem transmissões grandes. Se o cenário masculino olhasse para a gente e reconhecesse o potencial, tudo mudaria. A comunidade tem força para fazer isso acontecer.”
“Por exemplo, vou te falar uma mudança aqui que seria incrível, o Gaules transmitindo jogo do Mundial Feminino. O Gaules ressuscitou o cenário do Brasil nacional, se os meninos precisavam da ajuda, a galera acompanha, tem mais números, tem mais mídia, e ele ajudou para isso, imagina a gente. A gente precisa de ajuda. Seria incrível mudar a comunidade.” – afirmou.
Finalizando o bate-papo, bizinha contou o que a torcida da FURIA pode esperar do time feminino em 2025.
“Nosso foco é dar o melhor todos os dias e mostrar isso nos campeonatos. Queremos ir além, sempre mantendo os pés no chão e pensando jogo a jogo. No final, o que importa é ser lembrado, e a gente quer ser lembrado pelo que vai conquistar.” – concluiu.
Veja nossos vídeos. Neste aqui, entrevistamos yungher, nova jogadora do MIBR, que falou sobre as mudanças no time para 2025:
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