Profissionais ficaram preocupados com a possibilidade de jovens largarem tudo em busca de um sonho
Uma onda de profissionais do esporte eletrônico, de várias modalidades e funções diferentes, usaram as redes sociais nesta semana para alertar os jovens do Brasil. As mensagens são para não largar os estudos e sempre ter um “Plano B”, além dos esports.
Como a história começou no cenário
Os alertas começaram a partir do tuíte de um jovem de 16 anos, com nick de “Dhominik”, que compartilhou no tuíte a sua decisão de abandonar a escola no segundo ano do ensino médio, para focar seu tempo completamente nos esports, afim de se tornar um jogador profissional.
“Hoje foi o dia que aconteceu. Saí da escola em pleno 2º ano do Ensino Médio para me dedicar e focar mais ainda na carreira de pro player. Quero extrair 100% do meu desempenho e tudo de mim. Fiz promessas que vou trazer a taça para nós no mundial e estou trabalhando duro nisso”, disse o jovem que joga como caçador (jungle) e é Challenger (o elo mais alto do jogo).
É Guys hoje foi o dia que aconteceu sai da escola em pleno 2 ano do ensino medio para me dedicar e focar mais ainda na carreira de pro player quero extrair 100% do meu desempenho e tudo de mim fiz promessas que vou trazer a taça pra nois no mundial estou trabalhando duro nisso sz
— Dhominik (@Dhominiklol) September 20, 2023
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Profissionais de esports alertaram o jovem de 16 anos nos comentários da publicação
Nos comentários do próprio post, começaram alguns alertas. Hiago, que se tornou famoso famoso no cenário por ser um dos administradores mais ativos do grupo “Ilha da Macacada” no Facebook e Diretor da IDM Gaming e Uppercut Esports, achou um absurdo o apoio incondicional à ideia.
Hiago aconselhou ao rapaz terminar pelo menos o Ensino Médio, pois o futuro de jogadores e até mesmo do próprio League of Legends, é incerto. No futuro, caso seu Plano A dê errado, ele precisará do diploma para arrumar um trabalho.
independente de qualquer pateta que falar que largou e se deu bem, isso não é uma fórmula mágica
se em 1, 2 anos tudo dá errado, você pode cursar uma faculdade, fazer enem pra pegar bolsa, etc
pouquíssimos trabalhos atualmente deixam de cobrar ensino médio! inclusive orgs de…
— Hiago (@uphiago) September 22, 2023
Ranger que é pro player de LoL e considerado um dos melhores da cena nacional, disse que fez o mesmo. Ao mesmo tempo, ele aconselhou ao jovem a não largar os estudos até que ele tenha em mãos algo realista – que não é o caso no momento.
Absolut que também é pro player, entrou no assunto e afirmou que jogou o Circuito Desafiante enquanto cursava o Ensino Médio. Portanto, se ele conseguiu fazer isso, Dhominik também pode.
irmão, eu fiz exatamente a mesma coisa que vc e me tornei o maior da história
minha sugestão de quem passou por isso seria: não largue completamente até ter algo tangível/realista; sempre tenha um plano B
de resto, boa sorte 🫡
— Ranger aka Goat 🦁 (@rangerlol1) September 21, 2023
Fiz o ensino medio enquanto amassava noobs no circuito desafiante e me tornei um dos melhores/referência no que faço representando meu pais mundialmente, vc é capaz, não desista kid
— Absolut (@Absoluttlol) September 22, 2023
Pessoas ligadas à staff da LOUD, FaZe Clan, FURIA e mais, também responderam ao tuíte aconselhando o jovem a não largar os estudos, pois pode ser algo que ele precise no futuro. Inclusive, o jornalista LeonButcher trouxe à tona uma visão diferente, advertindo que muitas organizações do CBLOL e Academy só aceitam jogadores com Ensino Médio completo ou pelo menos cursando.
Assunto viralizou e se tornou geral no Twitter do cenário de esports
O assunto viralizou rapidamente e estourou a bolha do League of Legends, chegando a pessoas de vários cenários diferentes. Questionadas pela Game Arena, algumas dessas pessoas nem sabiam qual era a origem do tema, mas reconheceram a importância de falar sobre e também fizeram alertas no Twitter.
No Counter-Strike: Global Offensive, boltz, da Imperial, alertou para que todos tenham um Plano B. Dentro do VALORANT, a caster Let disse que quase largou a faculdade para focar nos esports, mas se diz feliz por não ter feito isso. No caso do EM, ela jamais pensaria na possibilidade.
Mayumi disse que nem os pro players deveriam parar de estudar e lembrou que aprender Inglês, por exemplo, pode ajudar e muito na carreira dos jogadores (as).
Não larguem os estudos básicos para jogar, não são nem 1% que conseguem uma carreira para se sustentar 100% do jogo, tenham sempre um plano B.
— Ricardo Prass (@Boltz) September 21, 2023
Eu quase quitei da faculdade pra seguir o caminho dos Esports em 2017/2018. Teria me arrependido bastante, imagina ensino médio que é o básico.
É um tema bem delicado mas no mais é isso, se você não tiver nada seguro não vale a pena nem um pouco. Mesmo tendo >eu< diria pra… https://t.co/4UAYfrZW7z
— Letícia Motta (@leticiaxmotta) September 22, 2023
não dropem ensino médio pra jogar lol
faculdade é outros 500 pq vc já é maior de idade e em teoria responsável pelas próprias decisões
mas real, não sejam burros
— TL Mayumi (@jumayumin1) September 21, 2023
Esports já é realidade, mas as incertezas permancem
É fato que atualmente os esportes eletrônicos se tornaram uma realidade mundial. Grandes competições de diversas modalidades acontecem o tempo todo pelo mundo e há sim profissionais que conseguiram bastante fama e dinheiro.
Por conta de tudo isso, é normal que jovens fiquem deslumbrados com a possibilidade de viver uma vida como essa. Entretanto, é preciso lembrar que apesar de ser uma realidade, o glamour acontece apenas para uma minoria muito pequena.
Inclusive, isso não é só nos esports. No futebol, por exemplo, que é o maior esporte do mundo, quantos meninos não sonham em ser atleta no futuro? Apenas uma minoria consegue. E desta minoria, um número ainda menor atinge os grandes clubes e salários astronômicos. No mundo da música? A mesmíssima coisa.
A questão do texto e dos alertas dos profissionais, não é desencorajar ninguém. Pelo contrário, se você tem esse sonho, lute e corra atrás dele até o fim. Mas saiba que para fazer isso, você não precisa já no primeiro momento, deixar tudo de lado para se apegar a um sonho. É perfeitamente possível manter os dois.
Nessa vida, equilíbrio é tudo. Sonhos precisam sim serem sonhados, enquanto tentamos torná-los realidades. Ao mesmo tempo, a cruel realidade de que a maioria não consegue viver do próprio sonho, não pode ser ignorada. Por isso, é de extrema inteligência ter um Plano B e até um C ou D, nos estudos e em outras carreiras.
Se você gostou deste conteúdo em texto, veja também nossos vídeos. Neste aqui, fizemos um after do CBLOL, em Recife, mostrando um pouquinho de tudo o que rolou por lá: