De acordo com a nota divulgada pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) nesta quarta-feira (23) depoimentos e imagens enviadas pelo Internacional embasaram a tese de que não houve ato racista no caso do arremesso da casca de banana no jogo entre Inter e Sport pelo Brasileirão feminino.
Imagens enviadas pelo Inter, que identificou uma jogadora do banco de reservas como susposta autora do arremesso, mostraram que ele arremessou na verdade um copo na direção das jogadores do Sport que continha uma casca de banana dentro. Em depoimento ela alegou que não viu a casca.
Depoimentos colhidos, entre eles das próprias jogadoras do Sport que afirmaram não terem escutado nenhuma palavra de cunho racista levou a policia civil gáucha a concluir que não houve ato racista.
“Não houve dolo discriminatório por parte da investigada, afastando a tipificação por crime de racismo”, disse a nota assinada pela delegada Tathiana Bastos.
Confira a íntegra da nota da Polícia Civil
“A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), sob a coordenação da Delegada Tatiana Barreira Bastos, Diretora da Divisão de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância e titular da DPCI de Porto Alegre, concluiu o Inquérito Policial que apurava os fatos ocorridos no dia 31 de março de 2025, durante partida válida pela Série A1 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, entre o Sport Club Internacional e o Sport Club do Recife, no campo do SESC Protásio Alves, em Porto Alegre.
A investigação teve início após o arremesso de um copo plástico contendo uma casca de banana em direção ao banco de reservas da equipe pernambucana.
A autora do arremesso foi identificada como sendo atleta da base do Sport Club Internacional, a partir de informações prestadas pelo próprio clube, que colaborou com a investigação fornecendo imagens e dados de qualificação.
Durante a apuração, foram ouvidas cinco jogadoras do Sport Club do Recife, uma jogadora do Internacional (indicada pela defesa), o diretor do Sport Club do Recife, um segurança do Sport Club Internacional e a própria investigada. As atletas do clube pernambucano afirmaram que não ouviram quaisquer xingamentos ou insultos de cunho discriminatório no momento dos fatos.
Em interrogatório, a investigada declarou que agiu por impulso, aborrecida com o gol de empate do time adversário, e que não percebeu a presença de uma casca de banana no copo que arremessou. Afirmou ainda que não havia consumido banana, apenas paçocas distribuídas às jogadoras do Internacional na arquibancada. As imagens analisadas confirmaram que o copo caiu entre as cadeiras e a casca de banana seguiu até o entorno do banco de reservas da equipe adversária.
Com base nos elementos colhidos, a autoridade policial concluiu que não houve dolo discriminatório por parte da investigada, afastando a tipificação por crime de racismo. No entanto, a conduta foi enquadrada como crime de causar tumulto durante evento esportivo, previsto no art. 201 da Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), em razão da mobilização de jogadoras, deslocamento da arbitragem e atuação de segurança no local.”