Jogadores foram denunciados pela Federação Francesa
A comemoração da Argentina pelo título da Copa América deu o que falar, especialmente um vídeo no qual jogadores entoam cântico racista e transfóbico no ônibus da delegação.
O ato aconteceu na live do meia Enzo Fernández. A música faz referência aos franceses e repercutiu na Copa do Mundo do Catar, na qual a Albiceleste superou a França na decisão.
Diante da repercussão do assunto, o Game Arena reuniu tudo o que ocorreu até esta quarta (17). Relembre o caso, as possíveis punições e as desavenças ocasionadas desde então.
O caso
Tudo aconteceu na madrugada de segunda-feira (15), momentos após a Argentina vencer a Colômbia e conquistar o bicampeonato da Copa América, em Miami, nos Estados Unidos.
O meio-campista Enzo Fernández, do Chelsea, abriu uma live no Instagram com o grito discriminatório. Assim que viu o mal-estar nos comentários, encerrou a transmissão ao vivo.
“Eles jogam pela França, mas são de Angola, que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais, a mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte: francês”, diz a canção.
A parte de ‘se relacionar com transexuais’ é sobre Mbappé, uma vez que, antes da Copa, circulavam informações de que ele estaria se relacionando com uma modelo trans.
A rivalidade com a França cresceu durante a última Copa, em que a seleção sul-americana ficou com o título depois do triunfo nos pênaltis.
E as punições?
A Federação Francesa de Futebol (FFF) se pronunciou afirmando que levará as imagens à Fifa para denunciar os atos preconceituosos, como também entrará em contato com a AFA.
Além do mais, extrapolou a esfera administrativa e ingressou na Justiça perante as ofensas de cunho racista e transfóbico.
“Dada a gravidade das manifestações, que são contrárias aos valores do esporte e dos Direitos Humanos, o presidente da FFF decidiu questionar diretamente o seu homólogo argentino (AFA) e a Fifa, e apresentar uma denúncia à Justiça por palavras ofensivas de natureza racial e discriminatória”, disse a FFF em comunicado.
Penas
Quanto às penas no caso concreto, o Código Disciplinar dispõe que ofensas à dignidade ou integridade de um país ou de uma pessoa podem gerar suspensão de, no mínimo, dez jogos.
A pena também pode ser aplicada por meio de outra medida disciplinar prevista no Código, como, por exemplo, multa. Cabe ao julgador enquadrar o caso e deliberar sobre a sanção.
A seleção argentina pode até ser penalizada com multa por causa das atitudes externadas pelos seus jogadores.
Chelsea investiga Enzo
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (17), o Chelsea informou que irá fazer um procedimento disciplinar interno para averiguar a conduta do seu atleta Enzo Fernández.
O clube ressaltou os valores seguidos pela instituição, reconheceu o pedido de desculpas do jogador, mas reiterou que prosseguirá com a investigação para discutir uma punição.
Repercussão interna
Diante do episódio, vários jogadores do Chelsea – sobretudo franceses com ascendência africana – deixaram de seguir Enzo Fernández no Instagram. Alguns até se pronunciaram.
O zagueiro Wesley Fofana, por exemplo, republicou o vídeo dos argentinos com a legenda: “O futebol em 2024: racismo desinibido”. Outro que não deixou passar foi Datro Fofana.
“O futebol que eu gosto é multiétnico. Racismo, em todas as suas formas, deveria ser condenado com as maiores penas possíveis”, declarou o atacante da Costa do Marfim.
O clima não anda nada bom para Enzo pelas bandas de Stamford Bridge. A ver se os Blues vão reprimir a conduta, bem como será a reação do grupo na reapresentação do argentino.
Le football en 2024 : racisme décomplexé 🤦🏽♂️🤦🏽♂️🤦🏽♂️ pic.twitter.com/MGkH5wPmNU
— Wesley Fofana (@Wesley_Fofana3) July 16, 2024
Pedido de desculpas
Enzo Fernández foi a público, na última terça, pedir desculpas pelo vídeo. Reconheceu que há linguagem ofensiva na canção e apontou que as palavras não refletem o seu caráter.
Íntegra:
Quero sinceramente pedir desculpas pelo vídeo que postei no Instagram durante as comemorações com a seleção.
A música inclui linguagem extremamente ofensiva e não há qualquer desculpa para essas palavras.
Eu sou contra a discriminação em todas as formas e peço desculpas por ter me deixado levar na euforia das comemorações da Copa América.
Aquele vídeo, aquele momento, aquelas palavras não refletem minhas crenças ou meu caráter.
Eu realmente sinto muito.