Campeã Olímpica de Judô no Rio de Janeiro, Rafaela Silva, finalmente, terá a oportunidade de buscar o bicampeonato no tatame. Com resultado adverso detecado em um exame antidoping realizado em 2019, a brasileira, apesar de classificada, não conseguiu disputar os Jogos de Tóquio, em 2021.
Assim, em Paris, após cumprir suspensão de dois anos, Rafaela voltará à disputa em busca de nova redenção com pódio olímpico em sua carreira, que começou 24 anos atrás lá na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
Por isso, o Game Arena traz um perfil para que o público conheça melhor a judoca Rafaela Silva, que estará junto com a equipe brasileira nos tatames de Paris a partir do dia 27 de julho.
A Cidade de Deus e o começo no judô
A trajetória de Rafaela Silva no esporte começou como a de tantos outros garotos e garotas que se tornaram atletas no Brasil. Nascida na Cidade de Deus, comunidade na periferia do Rio de Janeiro, a futura campeã olímpica ingressou no projeto social “Instituto Reação” aos oito anos como forma de tirá-la das brigas de rua do bairro.
Assim, com muitos anos de treino, o potencial da judoca passou a transcender os limites do projeto coordenado pelo ex-atleta e medalhista olímpico, Flávio Canto, mentor de Rafaela durante toda a carreira.
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Dessa forma, logo chegou às categorias de base da Seleção Brasileira, se tornando campeã mundial da categoria junior já aos 16 anos de idade e se tornando uma das grandes esperanças do país para o ciclo olímpico seguinte.
A primeira Olimpíada e a luta antirracista
Considerada um fenômeno do judô brasileiro, Rafaela se classificou para a sua primeira disputa olímpica aos 20 anos, quando já era colocada como postulante à medalhas em 2012. Contudo, em Londres, a atleta precisou lidar com um grande baque em sua carreira.
Na segunda rodada do torneio olímpico, Rafaela Silva acabou sendo desclassificada por aplicar um golpe ilegal diante da húngara Hedvig Karakas. A repercussão do caso tomou grandes proporções nas redes sociais por conta dos ataques racistas sofridos pela atleta.
Inclusive, em recente entrevista ao Globo Esporte, a judoca revelou que pensou em desistir da carreira profissional após o ocorrido.
Desde então, Rafaela tem usado as suas redes sociais como um espaço para discutir o racismo estrutural e combater o preconceito voltado contra a população negra do nosso país.
A redenção dourada
Em 2016, mais uma vez cotada como uma das possíveis medalhistas do judô brasileiro, Rafaela Silva retornava ao Rio de Janeiro para competir após um ciclo mágico, com um dois títulos e uma prata em mundiais, além de um bronze no Pan-Americano de Toronto (2015).
Assim, aos 24 anos e competindo em casa, a brasileira não deu brechas na categoria dos 57 kg e conquistou o ouro ao bater Dorjsürengiin Sumiyaa, da Mongólia. A menina da Cidade de Deus foi a primeira medalhista dourada do país nos Jogos do Rio de Janeiro.
Um duro golpe
Com o título olímpico, Rafaela Silva se tornou uma das atletas mais celebradas do judô brasileiro junto com Mayra Aguiar, judoca que possuía duas medalhas olímpicas à época.
Assim, iniciou mais um grande ciclo olímplico somando mais três medalhas em campeonatos mundiais, sendo uma prata (equipes mistas, 2017) e dois bronzes (individual e equipes mistas, 2019).
Porém, em 2019, a judoca recebeu mais um duro golpe que a afastou dos tatames por dois anos. Em exame antidoping realizado antes dos jogos Pan-Americanos, em Lima, Rafaela Silva testou positivo para fenoterol, uma substância broncodilatadora proibida no esporte.
Dessa forma, Rafaela teve sua medalha dourada conquistada em Lima retirada pela Federação Internacional de Judô e, apesar de ter recorrido, ficou fora das Olimpíadas em Tóquio, disputadas em 2021.
Rafaela Silva buscará o bicampeonato
A volta aos tatames aconteceu em 2022 e em grande estilo. No campeonato mundial, Rafaela Silva bateu Haruka Funakubo na final por waz-ari e conquistou mais uma medalha de ouro na competição.
Vivendo grande momento, a atleta brasileira ainda venceu o Pan-Americano de Santiago, em 2023, pela primeira vez na categoria dos 57 kg. Além disso, ainda contribuiu para que os brasileiros saíssem com a prata nas equipes mistas. Assim, ela se tornou a primeira atleta a vencer as três competições na história do judô.
Assista também nossos vídeos. Neste aqui, Cassio Zirpoli fala sobre os detalhes das medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris. Confira abaixo.