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CS:GO: “Vejo minha família duas vezes por ano”, afirma “arT”
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CS:GO: “Vejo minha família duas vezes por ano”, afirma “arT”

CS:GO: “Vejo minha família duas vezes por ano”, afirma "arT"

Ainda durante a disputa do PGL Major Antwerp 2022, Andrei “arT” Piovezan nos concedeu um papo exclusivo e abordou temas que vão além do campeonato que estava sendo disputado no momento da entrevista. O jogador da FURIA abriu o coração e nos deu detalhes de como lida com a vida de jogador profissional de Counter-Strike, as coisas que abdica para viver esse sonho, o que ele julga ser positivo e muito mais. 

Thulio Bastos •
06/06/2022 às 20h37, atualizado há 2 anos
Tempo de leitura: 8 minutos

Ainda durante a disputa do PGL Major Antwerp 2022, Andrei “arT” Piovezan nos concedeu um papo exclusivo e abordou temas que vão além do campeonato que estava sendo disputado no momento da entrevista. O jogador da FURIA abriu o coração e nos deu detalhes de como lida com a vida de jogador profissional de Counter-Strike, as coisas que abdica para viver esse sonho, o que ele julga ser positivo e muito mais. 

A exclusiva ocorreu um dia após a vitória da FURIA contra a G2, que selou a classificação da equipe brasileira para a fase de playoffs do mundial da Bélgica. Nossa equipe participou, por acaso, da comemoração no saguão do hotel no momento do encontro dos jogadores com o staff, carregado de muita emoção. Abraços, choros e palavras de conforto foram distribuídos entre eles, em um clima de muita comemoração. 

“Guerri”, treinador da equipe, que ficou longe dos atletas durante a realização das partidas por conta do banimento da ESIC, abraçava emocionado cara um deles e proferia palavras que exaltavam o feito. O mais apoiado foi “saffee”, que chorava bastante após garantir a sua primeira participação em um playoff de Major. Além deles, Jaime Pádua e André Akkari, os CEOs da organização, comemoravam em uma sintonia tão acalorada quanto os demais.

“arT” e “KSCERATO” se abraçam após a classificação da FURIA no RMR Américas. — Foto: reprodução/HLTV.

O clima de emoção e comemoração tomou conta do saguão do Radisson Blue, na Antuérpia, e contagiou a todos que estavam ali presentes. Perguntado se esse relacionamento de membros da FURIA com os jogadores é um diferencial para eles, “arT” afirmou que a organização coloca as pessoas acima de tudo sempre.

“Com certeza (é um diferencial). Acho que 99% das organizações não tem isso, não tem nada assim de família. E na FURIA a gente sempre foi muito próximo, uma família mesmo, nunca teve o business acima das pessoas, as pessoas sempre estiveram acima de tudo. Então, essa visão é algo quase único, não vou dizer único porque pode existir outros times assim, foge do meu conhecimento, mas isso é um diferencial e que dar um suporte absurdo para a gente, você sabe que você vai tá sempre apoiado, vai tá sempre junto, um apoio incondicional vindo do staff, do Akkari, do Jaime e entre nós jogadores, somos muito próximos.”

Além da nítida proximidade entre os membros da organização com os jogadores, era notório você perceber também uma sintonia entre o quinteto que compõe a line up principal da equipe. “arT” afirma que criou um laço muito forte com seus companheiros de equipe, principalmente com “yuurih”, “KSCERATO” e “Guerri”, pessoas que ele convive diariamente durante quase cinco anos.

“É uma família, é diferente. Eu, “KSCERATO”, “yuurih” e o “Guerri” estamos juntos já desde fevereiro de 2018, faz quatro anos e meio que eu convivo com esses caras todos os dias, a gente divide quarto, mora junto, todo dia junto, perde junto, ganha junto. Querendo ou não, cinco anos você cria um laço muito forte, existem relacionamentos que não duram esse tempo todo.”

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E, para ele, a FURIA é diferente.

“É diferente dos times europeus que moram e jogam aqui, viajam muito pouco, ganhou ou perdeu, eles pegam o trem e em duas ou três cada um está em sua casa. Nós, acabou aqui, voltamos para os Estados Unidos e amanhã é trabalhar de novo, campeonato, não tem casa. Hoje temos férias duas vezes ao ano, durante a pandemia passamos o natal somente com o pessoal da equipe, não podia voltar para o Brasil. Então passamos dois anos sem ver nossa família, é algo que se você tiver sozinho, na caminhada, é difícil passar por isso, dois anos sem ver a sua mãe. Você ter essas pessoas para te apoiar nesses momentos é muito bom, principalmente na derrota, porque perder é algo horrível, um sentimento muito forte.”

Após um breve trecho sobre dificuldade em passar um longo tempo longe da família, “arT” foi questionado sobre como ele lida com a vida de jogador profissional de Counter-Strike e abriu o coração, dando detalhes de sua vida pessoal. Ele afirma que, na pandemia, passou mais de oito meses sem ver sua namorada, que ver sua família apenas duas vezes ao ano e que, se não fosse jogador, já estaria casado e com filhos, pois se considera um cara muito “família”.

“Para quem tem o sonho de ser (jogador profissional), a primeira coisa é: para brasileiro é sempre mais difícil. Tem que aceitar isso. E a partir do momento que você vira um jogador profissional, você abdica da sua vida pessoal, deixa para trás família, amigos. Se você for jogar fora do Brasil, você vai ver a sua família uma ou duas vezes por ano durante duas ou três semanas, no meio e no fim do ano. E essa parte é mais difícil do que parece. Eu, por exemplo, namoro, e para quem namora é muito pior, pois você passa três ou quatro meses sem ver sua namorada. Na pandemia, foram oito meses. E eu sou um cara muito família, se eu não tivesse jogando já estaria casado, com filhos, mas isso não posso agora, não tenho tempo para isso.”

“arT” sauda a torcida brasileira durante a disputa da IEM Dallas 2022. — Foto: reprodução/HLTV.

Mas isso não é algo negativo para “arT”, já que ele aprendeu a lidar bem com a distância das pessoas que ama e essa vida agitada de jogador profissional. Ele afirma que faz esse sacrifício com muita felicidade, pois está vivendo um sonho de vida, mas diz que quem sonha em virar profissional precisa entender isso e que, na caminhada, conheceu jogadores que não lidaram da mesma forma e acabaram desistindo e voltando para casa. 

“É algo que abdico, mas um sacrifício que pago com felicidade, pois estou seguindo meu sonho. Mas isso tem que ser falado, pois as pessoas que estão entrando precisam entender, tem gente que não consegue. Não vou citar nomes, mas já vi vários jogadores que sofreram muita pressão e desistiram, pediram para voltar.”

Por fim, “arT” nos falou sobre a explosão de sentimentos que sente jogando Counter-Strike profissionalmente, principalmente em torneios de alto nível, como o Major da Bélgica e a IEM Dallas 2022, os dois últimos que ele participou com a FURIA. O jogador afirmou que ama o que faz e o que ele sente é único, mesmo nas derrotas. 

“É algo que eu particularmente amo fazer, jogar em alto nível e desempenhar é uma emoção única na vida que você não sente em outro lugar. Até perdendo, durante o jogo, você fica com uma emoção em perder, é um sentimento que você não encontra fora do esporte. E quando ganha é muito mais. Isso é algo que vicia em você, você se apega e o CS é algo que é muito mais que um jogo, é algo de vida mesmo, algo que você curte fazer, algo que te prende. Aí você vai jogando, a pressão pré jogo que você tem, você acaba gostando de sentir isso, junto com o alívio depois do jogo. Essa química eu gosto muito. Tem jogador que gosta mais, gosta menos, é algo particular de cada um.”

“arT”, ao lado de membros da FURIA, em uma sessão de autógrafos no complexo esportivo em Dallas. — Foto: reprodução/HLTV.

“arT” e a FURIA voltarão a sentir as emoções que envolvem o alto nível do competitivo de Counter-Strike no próximo dia 22 de junho, na disputa da Roobet Cup 2022, em um torneio que será realizado de forma online. Após o torneio, a equipe voltará a LAN no dia 1º de julho para a disputa da ESL Challenger Valencia, na Espanha e ao tradicional IEM Cologne, no dia 7 de julho. 

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