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Coringa: Delírio a Dois | Entenda o final do filme e conexão com O Cavaleiro das Trevas

Coringa: Delírio a Dois | Entenda o final do filme e conexão com O Cavaleiro das Trevas

Qual é a relação do final de Coringa: Delírio a Dois e o filme Batman: O Cavaleiro das Trevas?

Philippe Ramalho •
08/10/2024 às 20h39, atualizado há 2 meses
Tempo de leitura: 8 minutos

Coringa: Delírio a Dois estreou com uma bilheteria absolutamente decepcionante, ultrapassando o fracasso de Morbius, Flash e As Marvels.

Coringa, de 2019, arrecadou mais de 1 bilhão de dólares em bilheteria mundial, se tornou o primeiro filme baseado em quadrinhos da DC a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Filme, e conquistou duas estatuetas (Melhor Ator para Joaquin Phoenix e Melhor Trilha Sonora para Hildur Guðnadóttir). Com a aclamação de público, crítica e sucesso de bilheteria, uma continuação era inevitável.

E a aguardada sequência, que traz a estrela pop Lady Gaga como uma versão inteiramente diferente da Arlequina, abandona a ambiguidade e incerteza do primeiro para experimentar com a mistura de drama de prisão, suspense de tribunal, musical colorido — e pitadas de metalinguagem, com referências a outras versões do personagem no cinema.

Alerta de spoilers! Abaixo, comentamos o final de Coringa: Delírio a Dois, e sua estranha conexão com O Cavaleiro das Trevas.

Situado alguns anos após os acontecimentos de Coringa, a história mostra Arthur Fleck (Joaquin Phoenix de volta ao papel que lhe rendeu um Oscar de Melhor Ator) prisioneiro no Arkham, aguardando julgamento pelas mortes no primeiro filme. De imediato, o filme estabelece que a morte de Penny Fleck, mãe de Arthur, foi considerada de causas naturais — e mais tarde, no filme, Arthur confessa que a matou com um travesseiro. Essas repetidas confissões descartam totalmente a implícita morte da terapeuta na cena final do primeiro Coringa.

No Arkham, Arthur sofre constantes abusos do guarda Jackie Sullivan (Brendan Gleeson, que interpretou Alastor Moody nos filmes da saga Harry Potter, numa interpretação que lembra o guarda abusivo de Clancy Brown em Um Sonho de Liberdade). Tudo muda quando Arthur conhece Lee (Lady Gaga), uma paciente que participa de terapia musical no Arkham.

Lee afirma ser a maior fã de Arthur, e que assistiu “o filme sobre ele” mais de vinte vezes (filme que é mencionado várias vezes ao longo de Coringa: Delírio a Dois, trazendo a repercussão real do filme de 2019 para dentro da narrativa desse filme, com metalinguagem). Arthur se apaixona por Lee e o filme embarca nas fantasias mais mirabolantes, com cenas musicais de Arthur e Lee juntos — Arthur caracterizado de Coringa.

Quando Lee e Arthur tentam escapar, ele é castigado na solitária, enquanto Lee é solta, dizendo que Arthur seria uma má influência para ela. Lee visita a cela de Arthur e eles fazem sexo. Mais tarde, a advogada de Arthur revela que Lee é rica, formada em psicologia e está atrás dele apenas pelo Coringa — e essa é uma interessante subversão da relação dos personagens.

 

Criada em 1992 como uma capanga do Coringa em Batman: A Série Animada, de Bruce Timm e Paul Dini, Arlequina evoluiu nos quadrinhos e animações, tornando-se uma das personagens mais populares do Universo DC quadrinhos, games e animações, com a primeira versão live-action de Magot Robbie roubando a cena em três filmes, uma série animada para adultos que já chegou a quatro temporadas (e um spin-off). Assim como a sua versão na animação Batman: Cruzado Encapuzado, que teve a sua própria Arlequina reinventada, a Arlequina de Lady Gaga testa os limites do quão longe você pode ir com a personagem.

Nos quadrinhos, o Coringa é a influência corruptora que transforma a doutora Harley Quinzel na insana vilã Arlequina; aqui, é Lee quem manipula e incentiva os piores impulsos de Arthur, encorajando-o a abandonar qualquer estratégia de defesa para permanecer na loucura. Com isso, Arthur decide demitir sua advogada e ir fantasiado de Coringa para todas as sessões do julgamento, televisionado em rede nacional, onde ele é acusado pelo promotor Harvey Dent (Harry Lawtey).

Depois de sofrer horríveis abusos no Arkham, Arthur tenta abandonar sua fama de Coringa. Isso resulta em trágicas consequências: Arthur perde o amor de Lee, que decide abandoná-lo.

Como termina Coringa: Delírio a Dois?

Preso novamente no Arkham, Arthur é abordado por um jovem paciente (Connor Storrie), que ao longo do filme se mostrou um dos fãs do Coringa. A piada termina com Arthur esfaqueado, e esse paciente do Arkham (cujo nome nunca é revelado), usa a mesma lâmina para rasgar a própria boca em um sorriso macabro — criando assim uma possível história de origem para o Coringa interpretado por Heath Ledger que vemos em Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan.

Você quer saber como eu consegui essas cicatrizes? Bom, eu estava chateado porque meu ídolo era na verdade uma fraude…

A ideia também explora um conceito recente das HQs, a ideia de que o Coringa é uma loucura “contagiosa” que atinge diversas pessoas ao longo do anos — ideias que foram exploradas nos quadrinhos (especialmente na minissérie Batman: Os Três Coringas, de Geoff Johns e Jason Fabok), e também ao longo das temporadas da série Gotham (que teve Cameron Monaghan interpretando várias versões do personagem).

A própria “origem” do personagem, criada por Alan Moore na icônica Batman: A Piada Mortal, propõe a ideia de que o Coringa não tem uma história de origem fixa.

Será que este jovem paciente do Arkham cresce para se tornar o Coringa que enfrenta o Batman de Christian Bale? As cicatrizes sugerem que sim. Mas, muito provavelmente não, já que Batman: O Cavaleiro das Trevas também tem o promotor Harvey Dent, interpretado por Aaron Eckhart, corrompido pela loucura do Coringa para se tornar um brutal Duas-Caras.

Em Coringa: Delírio a Dois o jovem promotor Harvey Dent (Harry Lawtey) aparece, e inclusive tem sua face deformada pela explosão no tribunal. Isso cria uma contradição, mas reforça a ideia de que o Coringa não tem um passado fixo, somente, como ele mesmo diz, “múltiplas possibilidades”.

Teremos um Coringa 3?

Uma sequência de Coringa é improvável, dado o atual resultado da bilheteria. De acordo com a Variety, o filme atingiu 37 milhões de dólares em sua bilheteria de estreia — um resultado abismal, pior do que Morbius (39 milhões), As Marvels (46 milhões) e Flash (55 milhões).

Em entrevista à Variety, o diretor Todd Phillips descartou a possibilidade: “Foi divertido brincar na caixa de areia desses dois filmes, mas eu acho que eu já disse o que eu queria dizer nesse mundo.”

Nessa versão de Gotham, Batman ainda é uma criança — apesar que o “novo Coringa” é jovem o bastante para enfrentar um Batman adulto em uma década…

Enquanto isso, o Coringa que aparece nos filmes de Matt Reeves (com a sequência prevista para ser gravada em 2026) é interpretado por Barry Keoghan — e um visual grotesco, que sugere uma origem relacionada a queimaduras com ácido, como nos quadrinhos.

Além disso, James Gunn, presidente da DC Studios, planeja outro filme do Batman que fará parte do Universo DC no cinema, intitulado The Brave and the Boldrelembre.

Outro projeto recém-anunciado é uma animação protagonizada pelos Robins Dick Grayson e Jason Toddsaiba mais.


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