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Mario Kart matou F-Zero? O impasse das séries esquecidas da Nintendo

Mario Kart matou F-Zero? O impasse das séries esquecidas da Nintendo

Declaração recente da Nintendo sobre F-Zero levanta questões sobre outras franquias históricas O Nintendo Switch vem se provando, ano após ano, como o console dos sonhos de qualquer fã da Nintendo. Em 2023, especificamente, não faltam boas notícias para celebrar o híbrido, especialmente para entusiastas dos clássicos da empresa. Tivemos a excelente versão remasterizada de Metroid Prime, o relançamento dos dois primeiros jogos de Pikmin em HD e, talvez a maior surpresa de todas, um remake de Super Mario RPG prometido para novembro.

Marcellus Vinicius •
10/07/2023 às 23h30, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 8 minutos

Declaração recente da Nintendo sobre F-Zero levanta questões sobre outras franquias históricas

O Nintendo Switch vem se provando, ano após ano, como o console dos sonhos de qualquer fã da Nintendo. Em 2023, especificamente, não faltam boas notícias para celebrar o híbrido, especialmente para entusiastas dos clássicos da empresa. Tivemos a excelente versão remasterizada de Metroid Prime, o relançamento dos dois primeiros jogos de Pikmin em HD e, talvez a maior surpresa de todas, um remake de Super Mario RPG prometido para novembro.

O ótimo momento levanta especulações sobre o retorno de séries clássicas que há muitos anos não recebem uma nova iteração. É comum pipocar algum rumor sobre o desenvolvimento de um novo jogo de F-Zero, por exemplo. O último jogo da série de corrida futurista, F-Zero Climax, foi lançado há quase 20 anos, em 2004, exclusivamente no mercado japonês. Outras franquias icônicas, como Star Fox e Donkey Kong, também amargam um longo hiato. 

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F-Zero GX
F-Zero GX (GameCube, 2003)

Por que nomes tão famosos não deram as caras no Switch? Seria complicado responder isso sem entrar no campo da especulação, mas uma entrevista recente de Takaya Imamura, antigo funcionário da Nintendo, trouxe uma nova luz à questão – e as previsões não são exatamente das mais otimistas. 

Imamura trabalhou na Nintendo de 1989 a 2021, e é responsável pela criação de alguns dos personagens que estão na geladeira, como Captain Falcon e Fox McCloud. De acordo com o veterano, a Nintendo tem, como objetivo principal, manter e expandir a série Mario Kart, considerando o sucesso contínuo e o impacto positivo da marca nos negócios da empresa. Isso resulta em menos atenção e recursos para investir em outra série de corrida, como F-Zero.

Além disso, Imamura destacou os desafios financeiros que estariam envolvidos em um novo projeto de F-Zero. A criação de um novo jogo para a franquia exigiria altos investimentos, tecnologia de ponta e mecânicas inovadoras. A série é conhecida pela jogabilidade rápida e impactante qualidade gráfica, o que exigiria um considerável investimento. Dessa forma, os riscos financeiros associados ao retorno de F-Zero, combinados com o sucesso garantido de Mario Kart, tendem a esfriar a possibilidade para a Nintendo no momento.

Mario Kart F-Zero
Mario Kart 8 recebeu por DLC uma pista de F-Zero.

Star Fox, porém, pode estar em uma situação um pouco mais favorável. Ainda de acordo com Inamura, a saga de Fox McCloud é uma das favoritas de Shigeru Miyamoto. O lendário criador de Mario e Zelda é influente o bastante na casa para viabilizar futuros projetos com a série. 

A fala de Inamura está de acordo, inclusive, com o desenvolvimento de Star Fox Zero e Star Fox Guard, os dois últimos jogos da raposa espacial. Ambos foram lançados em 2016, e tiveram envolvimento direto de Miyamoto. Pesa a favor, também, o fato de Star Fox não ser um jogo de corrida. No entanto, nenhuma novidade sobre a série é aguardada para o futuro próximo. 

Star Fox Zero
Star Fox Zero (Wii U, 2016)

As declarações de Inamura ajudam a contextualizar melhor a mentalidade recente dos projetos da Nintendo, o que faz sentido, do ponto de vista comercial. No entanto, o saldo geral desse posicionamento não deixa de ser bem frustrante. Investir em nomes de sucesso seguro é uma estratégia óbvia para qualquer empresa de capital aberto, mas a Nintendo também sempre foi aclamada pela ousadia de experimentar com ideias arriscadas sem retorno garantido. Foi assim que surgiram nomes como Animal Crossing, Splatoon e Pikmin, que hoje têm uma base de fãs bem consolidada. 

Não é como se um novo F-Zero ou Star Fox fosse também um tiro no escuro. Ninguém espera que esses jogos revolucionem a indústria com mecânicas inesperadas – a fixação em reinventar a roda foi, aliás, o principal motivo da recepção mista de Star Fox Zero. Às vezes as pessoas querem só curtir algumas de suas séries favoritas mesmo, com novas histórias e gráficos atualizados, sem muita firula. Seria reconfortante saber que a Nintendo ainda acredita nesses personagens e universos como algo mais além de participantes de luxo de Super Smash Bros. 

Super Smash Bros. Ultimate (Switch, 2018)
Super Smash Bros. Ultimate (Switch, 2018)

Em última análise, mesmo se considerarmos os comentários de Inamura como fato concreto, a conta ainda não fecha. É difícil imaginar que a Nintendo estaria passando por dificuldades para apostar em projetos maiores com séries antigas. A impressão que tenho é totalmente oposta: o momento da empresa é tão positivo que abre espaço para aproveitar a gigantesca base instalada do Switch e revitalizar nomes antigos. 

Por melhores que sejam os jogos exclusivos do Nintendo Switch, nada disso muda o fato de que a empresa está trabalhando em um hardware de 2017 e atingindo números estratosféricos, vendendo quase todos os títulos pelo preço cheio de 60 dólares – ou 70, no caso do último Zelda – até hoje. Seria mesmo tão arriscado e imprudente investir em nomes tão icônicos da história dos videogames?

F-Zero (Super Nintendo, 1990)
F-Zero (Super Nintendo, 1990)

O que fica é o sentimento de potencial desperdiçado. Seria incrível ver séries como F-Zero, Star Fox, Punch-Out! e Kid Icarus retornando aos holofotes nos próximos anos. Talvez surja alguma novidade envolvendo o próximo console da empresa, certo? Com tecnologias ainda mais avançadas do que as que são possíveis hoje com o Switch. 

Afinal, sonhar ainda é grátis. Eu teria duvidado se me dissessem em janeiro que veríamos um remake de Super Mario RPG. Boa parte do charme da Nintendo está na imprevisibilidade. Que o sucessor do Switch terá Mario Kart, Animal Crossing e Zelda, nós já sabemos. Resta apenas a esperança pela surpresas.

E, de preferência, que sejam surpresas com o Captain Falcon dirigindo a 400 quilômetros por hora.

Com informações de: Eurogamer


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