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Escolhas da Redação: os momentos mais marcantes dos games, por Marcellus Vinícius

Escolhas da Redação: os momentos mais marcantes dos games, por Marcellus Vinícius

Confira os 10 melhores momentos da história dos games pelo curador de pérolas Marcellus Vinícius Estou de volta com mais um turno de Escolhas da Redação! O nosso editor-chefe, Marcelo Ferrantini puxou a fila na semana passada com uma lista de momentos mais marcantes com os videogames. Agora eu, Marcellus, darei continuidade a brincadeira compartilhando com vocês quais foram os meus momentos.

Marcellus Vinicius •
08/07/2023 às 11h00, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 11 minutos

Confira os 10 melhores momentos da história dos games pelo curador de pérolas Marcellus Vinícius

Estou de volta com mais um turno de Escolhas da Redação! O nosso editor-chefe, Marcelo Ferrantini puxou a fila na semana passada com uma lista de momentos mais marcantes com os videogames. Agora eu, Marcellus, darei continuidade a brincadeira compartilhando com vocês quais foram os meus momentos.

É bastante complicado escolher apenas 10, ainda mais considerando as regras abaixo, mas isso é parte da diversão. Importante avisar, SPOILERS ESTÃO LIBERADOS, então proceda com cautela se ainda for jogar algum dos jogos escolhidos!

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Lembrando que é necessário seguir algumas regras, se liga:

1 – Não vale repetir série
2 – É necessário que haja jogos de console e PC
3 – Quanto mais gerações, melhor!

10 – Alex Kidd in Miracle World (o castelo final)

Alex Kidd figura algumas das minhas memórias mais antigas com videogames. Muito antes de aprender a ler, eu já me aventurava no tal mundo miraculoso ao lado do meu irmão, que, por ser 6 anos mais velho, passava a maioria das fases.

O momento em que ele chegou pela primeira vez na última fase, em um jogo extremamente desafiador que não contava com saves e nem passwords, foi mágico. Na minha imaginação, aquele castelo se tornou uma enorme construção de ouro, repleta de desafios, corredores hostis, armadilhas. O ar de mistério da última sala, com a sequência secreta de símbolos no chão, deixou um ar de mistério que acompanha meus gostos até os dias de hoje.

9 –  Final Fantasy VII (o Chocobo dourado)

Na época do PlayStation 1, quem jogava a maioria dos jogos que envolviam muita leitura de inglês era, novamente, meu irmão. Final Fantasy VII é um jogo que eu apenas assisti na maior parte do tempo. Exceto pela criação de Chocobos, que era minha função no save do jogo.

Era uma época em que acompanhávamos dicas de revistas para alcançar o resultado, mas a existência de um Chocobo dourado, capaz de percorrer todos os terrenos do jogo, parecia uma lenda urbana. Até o dia em que ele, enfim, nasceu. A comemoração foi a de quem tinha acabado de ganhar na loteria, com um sentimento de que lendas eram, de fato, reais.

8 – Undertale (“eu vi o que você fez”)

Quando comecei a jogar Undertale, já estava decidido a não matar nenhum inimigo durante o jogo. Tudo correu bem durante a primeira caverna, deixando pra trás a casa de Toriel, que assume um papel de figura materna de Frisk, protagonista do jogo. Em determinado momento, Toriel fica no seu caminho e uma batalha começa.

Nenhuma das minhas tentativas de evitar o confronto deu certo. Pensei, então, que atacar até a vida ficar perto de acabar poderia engatar algum diálogo diferente que ofecesse uma saída. Não deu certo. Toriel morreu. Rapidamente fechei o jogo e carreguei o save anterior até descobrir uma forma de progredir com ela viva. Deu certo.

Mas eu não contava com a fala de Flowey, vilão do jogo, pouco depois. “Eu sei o que você fez”, disse ele, com uma expressão macabra. E disse exatamente que eu sou um assassino que achou que estaria tudo bem se simplesmente retornasse para o save anterior. Foi como se eu estivesse vivendo uma creepy pasta na vida real. Como que dorme depois disso?

7 – Super Mario 64 (os primeiros passos 3D)

Em 1996, quando o Nintendo 64 foi lançado, minha mãe trabalhava em uma loja de música que vendia também outros eletrônicos. Havia lá um console com Super Mario 64 para demonstração. Um dia, enquanto esperava o expediente dela acabar, o dono da loja me deixou jogar alguns minutos. E esses foram meus primeiros passos usando um controle analógico em espaço 3D.

É difícil descrever o impacto que isso teve na época. Jogos tridimensionais são a norma há quase três décadas. Mas a primeira experiência com essa possibilidade, lá nos anos 90, foi muito, muito marcante para mim.

6 – Dark Souls (Ornstein e Smough)

Anor Londo foi a região onde Dark Souls “clicou” de vez para mim. Não que eu não estivesse imerso na experiência antes, mas ali foi onde de fato passei a me divertir entendendo melhor os sistemas do jogo. Até me deparar com essa dupla Martelão e Pikachu que está na imagem acima. Fui massacrado de maneira tão brutal que não seria absurdo largar o jogo ali.

Mas foi aí que o outro lado dos jogos da From Software despertou de vez em mim. O que alguns chamam de “git gud”, passar a ser bom no jogo, é só uma bobagem de gamer elitista. Cada um sabe seus limites e se diverte como prefere. Para mim era apenas uma questão resiliência misturada com curiosidade, mas é fato que me dediquei a decorar todos os padrões, o tempo dos golpes, as brechas para ataque.

Vencer essa luta me trouxe a sensação de que era possível superar qualquer obstáculo nessa vida. Só depois vi uma entrevista de Hidetaka Miyasaki, diretor do jogo, dizendo que o sentimento que sempre quis evocar era justamente esse.

5 – Resident Evil 4 (a morte do mercador)

A experiência de jogar ao lado de outras pessoas no sofá sempre foi uma das minhas favoritas, mesmo em jogos de campanha para apenas um jogador. Essa coisa de revezar o controle, acompanhar o desenrolar da história, dar sugestões etc. Resident Evil 4 tem, possivelmente, a experiência mais marcante que tive com jogatina compartilhada.

A história é longe, mas o clímax veio quando um dos meus amigos sugeriu que tentássemos atirar no mercados do jogo. “Nada vai acontecer”, pensei. Afinal, ele é importante demais para o progresso. Mas o tiro atravessou o peito do comerciante, e ele caiu no chão com um urro de dor. Sentimos culpa, como se tivéssemos de fato cometido um crime em cumplicidade. Esse sentimento por si só já tornou aquela noite inesquecível.

4 – Metal Gear Solid 2 (desligue o console imediatamente)

Há um momento em Metal Gear Solid 2 onde o coronel que te guiou por toda a missão começa a bugar. Não como um defeito do jogo, mas como parte da história mesmo. Descobrimos ali que o coronel, e talvez toda a realidade ao redor de Raiden, tenha sido fabricada, uma simulação virtual – uma clara referência ao fato dos personagens viverem dentro de um jogo de videogame.

O sentimento foi parecido com aquela conversa que tive com Flowey em Undertale, após a morte de Toriel. A fala mais marcante dessa sequência é, sem dúvidas, a do coronel mandando Raiden “desligar o console imediatamente”. Desse ponto até o final do jogo, Metal Gear Solid 2 quebra completamente a quarta parede para tecer reflexões não apenas sobre videogames, mas sobre tecnologia, motivações pessoais e o propósito de estarmos vivos. A experiência mais íntima que eu já tive com o roteiro de um jogo, certamente.

3 – Pokémon Crystal (a consagração no competitivo)

Pokémon Crystal é a fita que me proporcionou minha primeira e maior experiência com o cenário competitivo de jogos. Foi com ela, um Game Boy Color e o saudoso cabo Game Link que participei de torneios oficiais em batalhas contra outros jogadores de várias partes do país. Fiz e fortaleci algumas amizades que carrego até hoje, e criei lembranças que me acompanharão pelo resto da vida.

O auge da minha carreira foi em 2003, quando fui vice-campeão do Anime Dreams e campeão do torneio nacional no Anime Friends. O troféu continua guardado na casa dos meus pais. E o sentimento da vitória após meses de treinamento mudou minha percepção sobre o cenário competitivo muito antes do termo esports ter sido cunhado.

2 – Super Smash Bros. Melee (a abertura)

O Nintendo Gamecube é, até hoje, meu console favorito – Switch está perto de tirar esse posto, mas devo ser saudosista demais. E o jogo que marca o momento em que me apaixonei por completo pelo cubinho roxo foi Super Smash Bros, Melee. Mais precisamente, a primeira vez que vi a abertura rolando em uma locadora perto de casa, na zona norte de São Paulo.

Após tanto tempo vendo jogos em disco e animações computadorizadas serem exclusividade dos outros consoles, foi mágico ver de perto a Nintendo também usufruindo da tecnologia. Tudo nessa abertura me remete a uma época mágica da minha relação com videogames. E passei muito mais horas jogando Melee do que gostaria de admitir.

1 – The Legend of Zelda: Ocarina of Time (A abertura do Templo do Tempo)

The Legend of Zelda: Ocarina of Time é o meu jogo favorito. Não apenas por ser, até hoje, um dos melhores e mais importantes jogos de toda a história dessa arte, mas também por ter me ajudado a superar alguns dos momentos mais difíceis da minha vida. Inevitavelmente o jogo estaria em primeiro lugar, bastava apenas decidir qual seria o momento.

Fico com o ponto de transição entre as aventuras do Link criança e os eventos que o fazem ficar congelado por 7 anos, dando início à segunda parte da jornada. O sentimento de ir de Zora’s Domain até o castelo com as três pedras espirituais em mãos, torcendo para a Zelda estar bem e para tudo dar certo, é indescritível.

Tudo dá errado, como sabemos bem. A ruína de Hyrule e a passagem forçada do tempo representam o fim da inocência de Link. Talvez isso tenha me marcado tanto porque, naquele ponto, eu estava entrando na puberdade, também abandonando a infância de vez. E sou grato por Zelda ter me acompanhado nesse processo – e em muitos outros.


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